Percorridos alguns metros de caminhada pelo Parque Farroupilha, em Porto Alegre, o prefeito José Fortunati, de volta ao cargo após férias, parou próximo ao lago para visualizar melhor a paisagem de destruição deixada pela tempestade do dia 29 de janeiro.
Ele fitava vegetais de grande porte arrancados pela raiz e troncos grossos partidos ao meio quando, de repente, poucos metros adiante da comitiva que acompanhava a vistoria, um galho de pequeno porte desabou de uma árvore avariada pelos ventos da tormenta, causando sobressalto.
- Caiu próximo da gente. Isso mostra que muitos galhos ainda estão literalmente pendurados - afirmou Fortunati, desaconselhando caminhadas debaixo das esverdeadas copas.
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Ele não estimou um prazo para a completa volta da Capital à normalidade, com a conclusão da limpeza de ruas e parques e reconstrução de bens destruídos. Até agora, já foram recolhidas cinco mil toneladas de resíduos de arborização.
O prefeito reassumiu o cargo neste domingo e, mais uma vez, explicou que não foi possível retornar das férias no dia da tempestade porque ele estava em férias, em um cruzeiro que partiu de Miami, nos Estados Unidos, e já estava em alto mar.
A bordo de um ônibus da Carris, Fortunati foi ao Parque Farroupilha conferir os estragos e determinou que uma árvore seja escolhida como símbolo do evento climático - o mesmo ocorrerá no Marinha do Brasil. A unidade selecionada receberá uma placa em que serão inscritas informações sobre a tempestade e os seus estragos, uma espécie de memorial.
Na saída do parque, o vice-prefeito Sebastião Melo foi abordado por Ernani Farias, membro da comissão dos antiquários do Brique da Redenção, que pediu atenção aos galhos que ameaçam cair na Rua José Bonifácio, onde há comércio e trânsito intenso de veículos e pessoas.
- Tem muito galho escorado, pendurado, nunca se sabe o que pode acontecer - alertou Ernani, pedindo que podas sejam feitas para reduzir riscos.
Fortunati ainda se deslocou até a Sociedade Amigos da Vila Leão, na zona norte, onde se reuniu com dezenas de moradores. Ouviu reclamações e críticas pelos constantes transbordamentos do Arroio Sarandi, fonte de alagamentos na região. Paulo Roberto Guedes da Silva, 65 anos, viu a chuvarada da última quinta-feira gerar um acúmulo de água com mais de um metro de altura na garagem de casa, onde estava o seu Voyage fabricado em 2010.
- Perdi o carro, molhou o motor e o painel eletrônico - lamentou.
Depois de muitas discussões, a prefeitura anunciou aos moradores que assinará no dia 15 de fevereiro a ordem de início das obras de alargamento do arroio, o que reduzirá as chances de futuras enchentes.