Além de um cenário econômico pouco animador, as empresas enfrentam, entre tantos outros obstáculos à retomada do crescimento, uma antiga dificuldade que atravessa gerações e que nasceu na Era Vargas como forma de proteção - e também de controle - dos trabalhadores. Trata-se do corporativismo que, é bem verdade, se mostra mais evidente nas organizações públicas. Nelas, o fenômeno é bem mais impactante, pois afeta a sociedade que paga a conta dos benefícios estendidos a uma classe ou a grupo de pessoas que usufruem das já escassas finanças governamentais, independentemente de meritocracia e de ganhos de produtividade.
O fato, entretanto, também é evidente no meio empresarial alcançando organizações e profissionais liberais. Quando se vivencia uma crise de mercado das dimensões da atual, a face da ineficiência fica à mostra e, como as margens de um rio nas ocasiões de seca, as raízes são expostas e pedem nutrientes; quando a água desce, o tamanho do iceberg se apresenta em sua real e perigosa dimensão. O mesmo se aplica às entidades sindicais, de classe e outras entidades representativas, cujas contribuições, somadas, pesam nos custos finais das empresas e profissionais, e se tornam ainda mais onerosas quando não são traduzidas em retorno ao quadro associativo em termos de produtividade. Infelizmente muitas entidades que hoje são os alicerces das empresas e dos profissionais liberais são usadas para interesses pessoais e até como um trampolim político.
O trabalho das entidades tem sido muito mais de barrar as medidas de não produtividade que cada vez mais aparecem através de novas leis, regulamentações e aumento de impostos do que propriamente para buscar efetivos ganhos para a cadeia de produção. O momento é propício a confrontar a eficácia do sistema para que estas entidades tragam soluções mais pragmáticas e que consigam reverter o sentido da contramão para o qual o Brasil está caminhando.
Nestes momentos críticos, é preciso que sejam tomadas medidas capazes de fortalecer os elos comuns às partes interessadas, sem as máscaras políticas, partidárias ou sindicais para preservar o interesse maior da empresa e de seus trabalhadores.
As evidências são claras e apontam para a urgência de mudança de postura nas empresas e entidades sindicais e de classe que precisam trocar o modus operandi, revisando conceitos e estratégias. Não se vislumbra no horizonte nenhuma alternativa que não passe por um modelo de organizações enxutas e eficientes em todos os níveis e que, por uma questão de sobrevivência, precisam conquistar resultados mais sustentáveis.