Uma greve nacional de trabalhadores do setor aéreo paralisou 12 aeroportos do país no início da manhã desta quarta-feira. Em Porto Alegre, o Salgado Filho teve pousos e decolagens suspensos entre 6h e 8h.
Nesse período, a greve afetou 20 voos programados na Capital (14 de partida e seis de chegada). No entanto, a paralisação também provocou impactos em outras viagens no dia. Segundo a Infraero, dos 57 voos programados até as 14h Capital, 80,7% registraram atrasos ou foram cancelados.
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No saguão do Salgado Filho, centenas de funcionários se reuniram desde as 5h carregando cartazes que pediam reajuste salarial. A greve incluiu os aeroviários, cujas atividades envolvem check-in e despacho de bagagens, e os aeronautas, cuja categoria abrange pilotos e comissários de bordo. Para Tiago Rosa, diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, a principal reivindicação é o aumento salarial de 11%:
– Queremos o mínimo, que é a reposição da inflação. Estamos há mais de um ano sem reajuste. Pedimos desculpa para a população pela paralisação, mas precisamos fazer isso para exigir pelo menos um aumento que deveria ser automático.
O Sindicato Nacional das Empresa Aeroviárias, por meio da assessoria de imprensa, informou em nota que seis propostas já foram apresentadas, mas todas foram recusadas. Além disso, as empresas aéreas afirmam que, ao longo dos últimos 10 anos, sempre foi concedido à categoria um reajuste acima da inflação apurada.
Conforme Leonel Montezana, presidente do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, nenhuma proposta oferecida pelas companhias aéreas foi favorável à categoria:
– Estamos tentando negociar há tempo, e até agora nenhuma proposta foi favorável. Nossa ideia é realizar manifestações pacíficas para tentar fechar um acordo com a patronal.
Por volta das 10h, a categoria deve se reunir em assembleia para decidir os rumos da greve. Segundo Tiago Rosa, existe a possibilidade de novas paralisações nos próximos dias.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, Rosa relatou que, durante o feriado de Carnaval, passageiros poderão enfrentar novas alterações nos horários dos voos.
– Esperamos algum fato novo e estamos abertos a negociações. Vamos ver o que vai acontecer nas próximas horas – comentou.
Em seguida, o ministro da Aviação Civil, Guilherme Ramalho, destacou que espera que a paralisação seja suspensa durante o Carnaval em razão da grande movimento em aeroportos do país ao longo do feriado. Sobre a possibilidade de o reajuste ser concedido aos profissionais, Ramalho disse a discussão "é entre empregadores e empregados".
– Esperamos que as partes cheguem a um acordo o quanto antes. Não temos como responder em relação a valores – ressaltou.
Conforme o Sindicato Nacional dos Aeronautas, além do Salgado Filho, os aeroportos de Florianópolis, Curitiba, Brasília, Salvador, Fortaleza, Recife, Campinas, Galeão e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, estiveram sem operações entre 6h e 8h.
Por causa da manifestação dos aeroviários e aeronautas, empresas aéreas orientam passageiros a remarcarem vôos. Entretanto, quem chegou ao terminal foi autorizado a realizar o check-in, mesmo sem a garantia do horário de saída do voo.
Greve suspensa no carnaval
Aeronautas e aeroviários prometem iniciar uma greve, por tempo indeterminado, em todo o país a partir do dia 12, se não houver acordo com as empresas.
– Decidimos suspender a greve durante o carnaval, mas, se não houver acordo até a quinta, 11, no dia da assembleia, paralisaremos a partir de sexta por tempo indeterminado – disse o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), Rodrigo Spader.
De acordo com ele, as próximas paralisações devem acontecer sempre da mesma forma: das 6 horas às 8 horas, nos mesmos aeroportos.
A categoria também aguarda a realização de uma audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho, ainda sem data prevista.