O Presídio Central de Porto Alegre não será mais desativado. A decisão foi tomada pelo governo José Ivo Sartori (PMDB) e contraria o seu antecessor, Tarso Genro (PT), que chegou a iniciar a demolição daquela que já foi considerada por organismos de direitos humanos "a pior prisão do Brasil". Em vez de fazer do cárcere área arrasada, a atual gestora da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), Marli Ane Stock, pretende substituir pavilhões degradados por nove prédios modernos. Apesar do anúncio público, custos, prazos e condições para realizar as obras ainda são incógnitas.
A proposta é mais uma ressurreição do Central, cuja morte já foi anunciada três vezes por governantes do RS, devido à deterioração dos edifícios que o compõem. Por mais curioso que pareça, essa já foi uma prisão-modelo. Leonel Brizola era um jovem e impetuoso governador quando, em 1959, anunciou a inauguração de uma das mais modernas cadeias do Brasil: o Central, destinado a abrigar 666 presos provisórios (não-condenados) de Porto Alegre. A prisão surgia para substituir a antiga Casa de Correção, fundada em 1855, ao lado da Usina do Gasômetro, e que acondicionava 200 detentos em situação insalubre.
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Insalubre também ficou o Central, após décadas de infiltrações de chuva e esgoto, além de perfurações feitas pelos presos para esconder drogas, armas e telefones. Virou um "queijo suíço". Tudo isso agravado pela superlotação. Apesar de ter ganho pavilhões, que aumentaram sua capacidade para 1,6 mil presos, o presídio está hoje com 4,4 mil ocupantes - mais de três vezes a capacidade.
Sem recursos ou prazos
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Governo desiste de desativar a maior prisão do RS e promete substituir os prédios mais antigos por edificações modernas porque não pode abrir não das vagas. Estimativas de custos e prazos das obras ainda são incógnitas
Humberto Trezzi / Brasília
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