Em dezembro de 2015, Israel Melo Júnior, morto brutalmente na última terça-feira, foi questionado por um profissional com atuação social:
- Por que você não sai disso (do mundo das drogas)? Isto não é bom.
Segundo o relato deste profissional, que preferiu não ter o nome divulgado, o rapaz respondeu:
- Eu já sei de muita coisa. Eu me enfiei nisso e agora vou ter que arcar com as consequências.
Para outra pessoa de convívio pessoal muito próximo, ele teria desabafado recentemente:
- A vida já tirou tudo o que eu tinha, só falta tirar a minha vida.
Os depoimentos revelam a completa ausência de perspectiva de alguém de apenas 16 anos e que não nasceu no mundo do crime e das drogas, foi apresentado a ele na adolescência. A partir dali, entrou em queda livre no período de menos de dois anos.
Nem a família, nem a escola, nem o poder público interromperam a trajetória sombria que o levaria a um fim de extrema crueldade. Após a morte, foi decepado e a cabeça, exibida como troféu em um vídeo divulgado nas redes sociais pelos criminosos.
A um dos profissionais que tentaram ajudá-lo no passado, Israel teria mencionado, no final de 2015, já ter tido contato com uma facção criminosa, sem dar detalhes. Não há dados oficiais ligando Israel a qualquer grupo organizado. A polícia investiga se, de fato, há algum envolvimento.
A ficha de Israel aponta que seu primeiro ato infracional ocorreu em 2014, por furto. Ele cumpriu uma medida socioeducativa de liberdade assistida, que consiste na assistência social e psicológica disponibilizada pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).
Em fevereiro de 2015, foi internado provisoriamente por 45 dias por tráfico de drogas e estava em liberdade assistida. A sentença sairia em breve.
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Violência
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