O Inquérito Policial Militar (IPM) que apurou a morte do jovem Ronaldo Lima, 18 anos, no dia 3 de setembro do ano passado, no Bairro Santa Tereza, na Zona Sul de Porto Alegre, foi concluído com o indiciamento de três PMs.
O anúncio foi feito pelo tenente-coronel Kleber Rodrigues Goulart, comandante do
1º BPM, a quem coube a decisão.
- Com as provas coletadas, entendemos que há indícios de crime - resumiu o oficial.
O tenente-coronel não revelou o nome dos três PMs, nem detalhou por quais crimes cada um foi indiciado.
Os autos do IPM serão remetidos à Justiça Militar e, posteriormente, ao Ministério Público, a quem caberá decidir se os três PMs serão denunciados. Se isso ocorrer e a denúncia for aceita pela Justiça, os policiais se tornarão réus em processo de homicídio.
A morte de Ronaldo ocorreu no início da manhã daquele dia e acabou provocando uma grande revolta de moradores do local. A Brigada Militar realizava um patrulhamento de rotina na região conhecida como Buraco Quente. Na Rua Dona Maria, se depararam com um suspeito.
Na versão apresentada pelos PMs, Ronaldo estaria armado com um revólver calibre 38 e teria atirado contra os policiais. Ação, essa, que teria motivado a contrapartida dos agentes - que atiraram e mataram o suspeito.
Testemunhas afirmaram, porém, que apenas um disparo foi ouvido. Familiares de Ronaldo disseram que ele estava voltando de uma festa no Centro:
- O meu irmão já tinha se rendido. Ele ergueu as mãos e eles atiraram. E depois não nos deixaram socorrer. Foi tiro pelas costas.
Revolta
Com a morte de Ronaldo nas circunstâncias descritas por testemunhas, a população local se revoltou. Inicialmente, havia três policiais no local. Devido às ameaças dos populares, os agentes solicitaram reforço. Mais cinco policiais chegaram e ficaram cercados pelos moradores da vila.
Situação ficou tensa
Foto: Ronaldo Bernardi
Chegaram, então, agentes do Batalhão de Operações Especiais (BOE), do Pelotão de Operações Especiais (POE), do 1º e 9º BPMs, num total de 50 PMs. Até um helicóptero foi utilizado na ação. O corpo foi recolhido do local sem que a perícia inicial fosse possível, em virtude da confusão.
Lotação foi incendiada
Foto: Tiago Bitencourt
Três horas depois, homens encapuzados incendiaram dois ônibus e um lotação. Os ataques ocorreram numa distância de em torno de 300m um do outro. Ninguém ficou ferido.