A agência de notícias privada mauritana Al-Akhbar informou nesta terça-feira ter recebido um vídeo do "Emirado do Saara", grupo vinculado à Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), no qual afirma ter sequestrado a suíça Béatrice Stockly em Tombuctu, no norte do Mali.
Segundo a agência, em troca de Béatrice, o grupo exige "a libertação de um determinado número de seus combatentes presos em Mali e de um de seus dirigentes, Abu Turab", detido no Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia.
Abu Turab é o nome de guerra de Hamad al-Faqi al-Mahdi, que era um dos chefes do grupo malinês Ansar Dine, vinculado à AQMI. Acusado de destruir edifícios religiosos e monumentos históricos em Tombuctu, em 2012, Turab se tornou o primeiro desses extremistas a comparecer perante o TPI e o primeiro suspeito detido na investigação desta corte internacional sobre o Mali.
"Anunciamos nossa responsabilidade no sequestro desta evangelizadora pagã que, com seu trabalho, conseguiu fazer muitos filhos de muçulmanos abandonarem o Islã", segundo declarações em árabe atribuídas por Al-Akhbar a um porta-voz do autodenominado Emirado do Saara, expressando-se no vídeo que a agência não difundiu.
Segundo um encarregado da mesma, ela não prevê divulgá-lo.
De acordo com a Al-Akhbar, a refém, sequestrada no início de janeiro, aparece no vídeo, descreve o que aconteceu em Tombuctu e "admite" suas atividades de "evangelização".
Béatrice Stockly, uma mulher na faixa dos 40, estava bastante envolvida nas ações sociais em Tombuctu. Ela já havia sido sequestrada, na mesma localidade, em 2012.
Na ocasião, a Ansar Dine, que controlava a cidade na época, libertou-a cerca de dez dias depois, após mediação burquinense. Béatrice voltou a se instalar de novo no país em janeiro de 2013, quando uma intervenção militar internacional expulsou os radicais de Tombuctu.
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