Morreu o diretor que é a cara e a paixão do cinema italiano. Ettore Scola não resistiu a complicações cardíacas, aos 84 anos, e morreu na terça-feira, em Roma, deixando para trás uma história de obras primas compartilhadas por estrelas como Marcello Mastroianni, Sophia Loren, Vittorio Gassman e Nino Manfredi. Scola é mais conhecido como o autor de Nós que nos Amávamos Tanto (1974), sua primeira grande assinatura.
Seu filme mais recente, Que Estranho Chamar-se Federico, é de 2013. Ele resistia à aposentadoria, apesar dos 82 anos que tinha à época. Trata-se de um documentário autobiográfico em que o diretor mescla cenas de seus filmes com os de seu amigo Federico Fellini (Satyricon e Roma de Fellini), morto em 1993.
Nascido em 1931, na comuna de Trevico, região da Campania, Ettore Scola era um dos últimos grandes mestres do cinema. O chefe de governo italiano, Matteo Renzi, expressou de imediato condolências.
Ettore Scola anuncia despedida do cinema
A imprensa italiana citou fontes médicas ao explicar o serviço de cirurgia cardíaca no Hospital Policlínica de Roma. Ele estava em coma desde domingo.
A convivência de Ettore Scola com o cinema nasceu na década de 1950. Por essa época, ele passou a escrever roteiros e só depois assumiu a direção no filme de estreia Fala-se de Mulheres, datado de 1964. Tinha a participação de Gassman, Mastroianni e Manfredi.
O sucesso maior veio com Nós que nos Amávamos Tanto, uma comédia dramática em que Manfredi, Gassman e Stefano Satta Flores são partizans da resistência italiana ao fascismo e nazismo. Os dois primeiros se apaixonam pela deslumbrante Stefania Sandrelli.
Três anos depois, em 1977, Scola dirigiu Um Dia Muito Especial, também um filme político, acrescido de grande sensibilidade, em que Marcello Mastroianni e Sofia Loren se descobrem em um amor incipiente, mas impossível, tendo como pano de fundo o fascismo triunfante. Uma de suas paixões foi explorar a História em sua arte – o que ficou gravado em grande parte de suas 40 obras, entre longas e curtas.