A manutenção da taxa Selic em 14,25% ao ano foi bem recebida pelo setor produtivo. Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou sensata a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) diante da recessão da economia brasileira e das incertezas do cenário global.
Para a entidade, a política monetária perdeu a eficácia no controle da inflação, e um novo aumento dos juros apenas agravaria a recessão do país. "A indústria considera inaceitável a inflação de dois dígitos. Mas destaca que os aumentos recentes dos índices são resultado dos reajustes dos preços administrados, das expectativas negativas e da inércia inflacionária. Por isso, o uso da taxa de juros como único instrumento de controle da inflação é pouco efetivo e aprofunda a recessão", destacou o comunicado.
De acordo com a CNI, apenas o ajuste fiscal, com corte de despesas obrigatórias e reformas que aumentem a competitividade do Brasil conseguirão derrubar a inflação e restabelecer a confiança no país. Entre as medidas defendidas pela confederação, estão a reforma da Previdência Social, a modernização das leis do trabalho, a redução da burocracia, a ampliação da infraestrutura e a simplificação dos tributos. "A CNI reafirma que a solução para a crise, o êxito no combate à inflação e o restabelecimento da confiança no país dependem da consolidação de um ajuste fiscal permanente, com mecanismos de controle efetivo dos gastos públicos, e de reformas que melhorem o ambiente de negócios e a produtividade das empresas", informou a entidade na nota.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também comemorou a decisão do Copom. Para o petista, uma eventual elevação da taxa básica de juros da economia passaria um "sinal péssimo" e iria contribuir para aumentar a recessão por que atravessa o País.
– Ia ser uma barbeiragem no meio de recessão de dois anos aumentar a taxa de juros. Foi uma decisão sensata – disse o senador, ao citar que mesmo os economistas liberais estavam divididos sobre a conveniência de se aumentar a Selic para tentar reduzir a inflação no País, que encerrou 2015 em 10,67%, conforme o IPCA.
Ele também disse não considerar menor o fato de o Fundo Monetário Internacional (FMI) ter revisado na terça-feira a queda do PIB do Brasil de 1% para 3,5% este ano. O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, divulgou nota logo após a manifestação do FMI dizendo que considerava "significativa" a revisão feita pelo fundo.
O mercado, que inicialmente apostava numa alta da Selic de 0,5 ponto porcentual, passou a reavaliar sua projeção para aumento de apenas 0,25 ponto porcentual ou manutenção da taxa - o que ocorreu nesta quarta-feira, 20.
– De qualquer maneira ia ter chiadeira neste momento, não dá para subestimar o comunicado do FMI. Mais importante se o mercado vai achar que houve interferência na decisão, é o mundo real, a produção – frisou o petista.
*Zero Hora com agências