A campanha de reeleição do então presidente Luiz Inácio da Silva, em 2006, teria recebido propina de até R$ 50 milhões, disse o ex-diretor de Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. O valor teria se originado de uma negociação para a compra de US$ 300 milhões em blocos de petróleo na África, em 2005. As informações foram publicadas pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira.
Cerveró repassou a denúncia a investigadores da Operação Lava-Jato antes de fechar acordo de delação premiada, assinado em novembro de 2015. O ex-executivo afirmou que soube das informações por Manuel Domingos Vicente, ex-presidente do conselho de administração da estatal petrolífera angolana (Sonangol) e atual vice-presidente do país.
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"Manoel (sic) foi explícito em afirmar que desses US$ 300 milhões pagos pela Petrobras a Sonangol, companhia estatal de petróleo de Angola, retornaram ao Brasil como propina para financiamento da campanha presidencial do PT valores entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões", diz um anexo elaborado pelos advogados de Cerveró e obtido pelo jornal.
O ex-diretor informou que a negociação teria sido conduzido "pelos altos escalões do governo brasileiro e angolano" e que o representante brasileiro era o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Porém, Cerveró não detalha no documento como se deu a negociação e nem por meio de qual operação financeira os recursos teriam regressado ao Brasil para abastecer o suposto caixa dois da campanha de Lula.
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Por meio de sua assessoria de imprensa, Palocci negou "participação em qualquer tratativa política do tema" e afirmou desconhecer as supostas negociações referidas por Cerveró. A assessoria de imprensa do Instituto Lula informou que não comentaria "supostas delações, quanto mais supostos acordos de delação, vazados de forma seletiva, parcial e provavelmente ilegal, que alimentam um mercado de busca por benefícios penais e manchetes sensacionalistas".