Distantes 60km e sem se conhecerem, duas mães estão mais próximas do que imaginam. Elas foram as últimas a receberem os presentes no segundo dia de entregas da ação Meu Sonho de Natal, na segunda-feira passada. Unidas pelo nome e pela quantidade de filhos biológicos e do coração, a catadora Rosa Maria da Silva, 45 anos, do Bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, e a cuidadora de crianças Rosa Maria da Silva, 51 anos, do Bairro Padre Réus, em Gravataí, ainda confessaram o mesmo desejo nesta data especial: manter a família fortalecida pelo espírito natalino.
Mãe biológica de sete filhos adultos, a Rosa de Gravataí assumiu há três meses o desafio de criar os sete sobrinhos órfãos - Rafaela, dois anos, Mariana, cinco, Evelyn, sete, Emily, oito, Sabrina, dez anos, Leandro, 14 anos, Sandro, 18 anos. Antes de morrer, Michele, irmã de Rosa, pediu que ela os criasse. Michele tinha 36 anos. O pai deles era separado da família.
- Foi com o coração que assumi esta responsabilidade. Tenho a guarda dos sete e farei o impossível para tê-los sempre ao meu lado, seguindo um bom caminho. Pela minha irmã e por eles. Agora, sou mãe de 14 - emociona-se a cuidadora.
No outro extremo, a Rosa de Novo Hamburgo é mãe de 12 _ David, três anos, Yuri, cinco, Emanuela, sete, Samuel, nove, Rosimeri, dez, Elisabete, 12, Guilherme, 13, Gabriel, 17, Janice, 18, Jaqueline, 25, e dos já falecidos Amanda e Alexandro _ e ainda assumiu sozinha a criação de dois netos _ Isabele, cinco meses, e Kauã, quatro anos. Mesmo com problemas cardíacos, Rosa não esmorece:
- Faço faxinas e cato papelão para conseguir sustentar os netos e os sete filhos mais novos. É uma luta diária, mas não dá para desistir.
Família da Rosa de Novo Hamburgo
Pensamento
Nesta ano, pela primeira vez, as duas Rosas escreveram ao Papai Noel do Diário Gaúcho. Nas mensagens, os pedidos foram os mesmos: material escolar. A de Novo Hamburgo ainda pediu uma ceia de Natal. Infelizmente, não foi contemplada.
- Não tem problema. O mais importante é que o Papai Noel veio - garante.
No dia das entregas, a Rosa de Novo Hamburgo passou parte do dia à espera dos presentes. A ansiedade era tanta, que ela aguardou a equipe numa esquina a 500m de casa:
- Já tive muita tristeza nesta vida. Os presentes são para dar mais alegria a eles. Só quero que eles continuem caminhando juntos.
Em Gravataí, a outra Rosa se surpreendeu com a chegada dos presentes. Ao ver o Bom Velhinho, a pequena Rafaela foi logo pedindo um beijo. Na frente da casa, uma árvore decorada com motivos natalinos marca o recomeço dos irmãos.
- Fizemos juntos a decoração da árvore e da casa para simbolizar esta fase. Quero mostrar a eles que, mesmo com todas as dificuldades, o mais importante no Natal é manter a nossa nova família unida - resumiu a Rosa de Gravataí, num pensamento compartilhado pela Rosa de Novo Hamburgo.
Meu Sonho de Natal
Natal de união das Rosas
Durante entrega dos presentes de Natal, equipe de reportagem encontra duas mães com os mesmos desejos, nomes e número de filhos
Mateus Bruxel
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