O músico Jupiter Apple, também conhecido como Júpiter Maçã – e que nasceu Flávio Basso –, morreu nesta segunda-feira, em Porto Alegre. O motivo ainda não foi divulgado. A morte foi confirmada pelo Departamento Médico Legal.
Segundo familiares, Flávio teria caído no banheiro de sua casa, mas isso ainda não foi confirmado. O velório está marcado para esta terça-feira, a partir das 8h30min, no Teatro Renascença, na Capital.
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Lucas Hanke, conhecido como Cabelo, que é dono da produtora Marquise 51, tocou com Júpiter e era amigo pessoal do músico, disse que o roqueiro se preparava para gravar um novo álbum em 2016 e que já tinha músicas prontas.
Júpiter tinha 47 anos, a maior parte deles dedicados a construção de uma carreira marcada pelo experimentalismo musical e estético, que começou para o grande público com o TNT, em 1984. Uma das bandas fundadoras do chamado rock gaúcho, o então Flávio Basso empunhava sua guitarra ao lado de Nei Van Sória (guitarra), Charles Master (baixo) e Felipe Jotz (bateria), com quem gravou duas músicas para a coletânea Rock Grande do Sul.
Dois anos depois, ele se desligaria para fundar os Cascavelletes, banda que ganharia projeção nacional com a música.
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O ex-companheiro de banda Frank Jorge comentou a perda do amigo:
– Fico superchateado, abalado porque não tem como não enxergar muito além do que a audiência tem, o "cara é um gênio". Eu tenho uma visão clara de que o cara tem uma convicção artística e nos ensinou muita coisa. Acho bem triste. Eu tava conversando com amigos, e a gente comentou o que deve ser a perda de um filho. O Flávio passou por isso, deve ter marcado ele fisicamente, o corpo e a cabeça devem ter sofrido muito. Processo doloroso de um cara que não conseguia se encaixar na vida comum, na sociedade. Fico muito triste, por mais que eu tenha tocado com outras pessoas antes, foi a partir dos Cascavelletes que eu entendi muita coisa. Estou muito triste.
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Júpiter tinha um show marcado para terça-feira no palco do Panamá Studio Pub, no bairro Cidade Baixa. Vinícius Schenini, sócio da casa, contou que havia marcado um ensaio para as 18h desta segunda-feira:
– Como haveria o evento, pensamos em homenagear ele, porque além de participar e fazer os eventos, frequentava aqui e acabamos ficando amigos. Muito legal e gentil. Estamos muitos tristes – afirmou Schenini.
O músico e jornalista Arthur de Faria, que também estuda a história da música no Rio Grande do Sul, chama a atenção para o estilo de vida de Júpiter. Ele soube da notícia, e atendeu ZH por telefone, em meio a um ensaio com o também músico Wander Wildner.
– O que eu acho, e que a gente tava comentando aqui, é que todo mundo que glamourizou isso, a vida rock and roll, tem que dormir mal hoje, né? Porque ele era um grande artista apesar dos problemas que tinha com o álcool, e não por causa disso. E daí parece que as pessoas gostavam mais dos shows quando ele tava mal que quando tava bem. Isso eu acho muito triste – disse Arthur, lamentando que o músico, que teve algumas passagens por clínicas de reabilitação, tenha chegado a um ponto grave da doença. Para Arthur, a perda do artista é enorme para a cultura do Rio Grande do Sul.
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Importante figura no rock do Rio Grande do Sul, Alemão Ronaldo também se manifestou pela perda de Flávio Basso:
– Rocker e parceiro de estrada dos anos 90. Fizemos muitos shows juntos, eu com minha Bandaliera e ele com os Cascavelletes. Fica pra sempre na memória do rock gaúcho e no coração de quem o conheceu.
O instrumentista Márcio Petracco, que também fez parte da TNT, lamentou profundamente a morte do amigo.
– Pra mim é muito difícil falar desse cara. Não consigo racionar direito nesse momento. A gente nasceu no mesmo dia e fomos nos conhecer só 15 anos depois. Ele inventou o rock gaúcho. Eu não seria músico se não fosse ele – disse, por telefone.
A produtora Cida Pimentel, de quem Júpiter era muito próximo, igualou o amigo ao cantor e compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues.
– Quero dizer que ficamos órfãos da luz dele. Ele era, junto com Lupicínio Rodrigues, a maior expressão da nossa cultura – resumiu Cida, pedindo flores no velório, no Teatro Renascença. – Gostaria imensamente que todo mundo levasse flores no velório dele. Porque ele era isso – completou.
Na página do artista no Facebook, os amigos postaram uma homenagem.
Assista a um vídeo que ZH fez com Júpiter em 2015: