A discussão entre um grupo antipetista e o cantor Chico Buarque, na última segunda-feira, teve grau de hostilidade comparável a governos totalitários, disse nesta quarta-feira, ao programa Timeline Gaúcha, o cineasta Cacá Diegues.
Amigo de Chico, Cacá estava junto com o artista ao sair de um restaurante no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, quando eles foram alvo de xingamentos de um grupo contrário ao PT. Em entrevista, disse que, desde a ditadura militar, não passava por uma situação de tanta hostilidade, e comparou a briga com a xenofobia da Segunda Guerra Mundial:
– Pessoalmente, nunca passei por isso. Só na época da ditadura, quando as coisas estavam ainda mais extremadas. Eu sinto muito medo do que está acontecendo, essa intolerância com o outro. Isso é nazismo, mesmo.
Cacá estava ao lado de Chico Buarque quando ele foi atacado verbalmente pelo rapper Túlio Dek, que afirmou que "petista é igual à merda".
– Foi uma tentativa de desqualificar. E o Chico foi muito elegante, atravessou a rua para conversar com eles.
O cineasta criticou também a falta de argumentos dos jovens, que "desejavam calar a opinião diferente", e a divisão que o Brasil vive, entre "coxinhas" e "petralhas":
– Como se fosse um crime horroroso escolher um partido.
Questionado se terão receio de andar pelo Leblon, Cacá respondeu:
– Chico é um cidadão muito corajoso. Ele não vai ter medo. E eu, como posso abrir mão do Chico?
A reportagem da Rádio Gaúcha fez contatos com os produtores do rapper Túlio Dek, mas eles não atenderam às ligações e nenhuma mensagem foi respondida.