A Argentina se comprometeu nesta segunda-feira a criar um instituto de estatísticas confiáveis, após anos sob suspeita de manipular os principais indicadores, e suspenderá por enquanto a divulgação dos dados de inflação, PIB e pobreza, disse o novo diretor do organismo nomeado pelo presidente Mauricio Macri.
O Instituto Nacional de Estatísticas (Indec) "é terra arrasada", sentenciou o novo diretor Jorge Todesca em uma coletiva de imprensa em seu primeiro dia no cargo.
Segundo o funcionário, o organismo "está tomado por informação falsa e tendenciosa".
"O objetivo é restabelecer o serviço público", disse Todesca, acompanhado pelo ministro de Fazenda e Finanças, Alfonso Prat-Gay.
Nesse sentido, anunciou a suspensão da divulgação de dados de inflação, PBI e pobreza, os principais indicadores porque "não existem recursos humanos nem materiais" para produzir dados confiáveis.
A normalização do Indec foi uma das promessas de campanha de Macri, que assumiu na quinta-feira e nomeou Jorge Todesca como novo diretor do organismo.
"Viemos reorganizar o Instituto", antecipou Todesca na sexta-feira quando foi anunciado o regresso a pedido do presidente Macri de Graciela Bevacqua, ex-diretora do Índice de Preços ao Consumidor que foi afastada em 2007.
Todesca é um economista que levou o polêmico ex-secretário de Comércio de Kirchner, Guillermo Moreno, à justiça em um caso por abuso de autoridade depois de ser denunciado por divulgar estatísticas de inflação contrárias aos números oficiais.
Por sua consultora privada Finsoport, Todesca estimou que a inflação em 2014 foi de 25%, frente aos 14,3% do Indec.
Os questionamentos às medições oficiais também atingem à estatística que mede a pobreza, que o governo anterior deixou de difundir em abril de 2014, quando a estimou em 4,7% de uma população de 42 milhões de habitantes.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou em 2013 uma moção de censura aos dados oficiais geridos pela Argentina, diante da enorme diferença entre os indicadores governamentais e as estatísticas de entidades independentes.
Desde janeiro de 2014 o Indec começou a divulgar o índice de inflação a partir de uma nova metodologia acordada com o FMI, que de todos modos continuou distante das medições privadas.
* AFP