Ventos de 70km/h provocaram momentos de tensão no voo 3346 da TAM, que viajava de Brasília a Porto Alegre na manhã desta sexta-feira. O voo teve de arremeter em função do mau tempo, e um solavanco sentido durante o período em que a aeronave ficou no ar antes de pousar, com atraso, no aeroporto Salgado Filho, deixou alguns dos passageiros em pânico.
- Teve gritos e até gente rezando. Mas foi só uma sacudida muito forte, depois passou. O comandante foi muito bom, avisou que estava esperando o tempo melhorar para fazer a aterrissagem - conta a aposentada Teresa Almeida, 63 anos.
Passageira frequente, Tereza disse só ter passado por situações semelhantes em aeronaves pequenas. Segundo a aposentada, que viajava com a família do marido para um casamento na Capital, o sobrevoo após a arremetida durou em torno de meia hora.
- No meu tempo, tinha aviões menores que sofriam esses solavancos. Mas desse tamanho, não lembro. Pensei: se der, deu, né - disse.
Os deputados petistas Paulo Pimenta e Pepe Vargas também estavam no avião. Eles voltavam de Brasília para Porto Alegre.
- O avião veio uma vez para se aproximar da pista e não conseguiu, deu turbulência. Quando tentou a segunda, deu um solavanco forte, o avião perdeu um pouco de altura de soco, então o piloto arremeteu. Foi uma gritaria, gente ensaiando chorar - conta Pimenta.
Os parlamentares garantem que mantiveram a calma durante a cerca de meia hora entre a tentativa de descida e o pouso da aeronave, às 10h.
- Foi um susto em uma sexta-feira 13 - diz Pimenta.
Ao longo da espera para o pouso, o comandante informou que as condições eram difíceis e que seria preciso aguardar ou buscar outro local para descer com segurança. Pepe relata que a "turbulência mais forte do que o normal" assustou boa parte da tripulação, que não escondeu o pânico.
- O avião desceu, perdeu sustentação rápido e subiu de novo, mas estava longe da pista. Nesse momento, o pessoal se assustou. Ao meu lado havia um casal que rezava muito, estava bastante tenso - afirma.
Segundo Pepe, quando a aeronave tocou a pista do Salgado Filho, os passageiros aplaudiram o piloto.
- O piloto subiu, aguardou e veio para o pouso. Ainda tinha turbulência, mas não tão forte. Como ele disse, "foi uma descida mais trabalhosa, porém com segurança" -conta o deputado.
Previsto para chegar às 9h25min, o voo da TAM pousou no Salgado Filho com mais de meia hora de atraso, às 10h. Outros dois voos da companhia também atrasaram em razão dos eventos climáticos.
Segundo o Metroclima, as rajadas de vento no aeroporto Salgado Filho chegaram a 70 km/h, e, do solo até cerca de 500 metros de altitude, formou-se uma "tesoura de vento" (windshear) na pista. O fenômeno causa mudanças repentinas do vento e pode atrapalhar procedimentos aéreos.
A TAM não foi a única afetada pelo mau tempo. Conforme a Gol, a ventania provocou um cancelamento, e um pouso da companhia foi alterado para Florianópolis. A Azul informou que, por causa das rajadas, quatro voos da companhia registraram atraso e um foi cancelado.
De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), o terminal operou por instrumentos das 7h42min às 9h49min desta sexta-feira, mas não foram registrados maiores transtornos. A manobra realizada pelo piloto da TAM é considerada normal.