Um dos três jovens responsáveis pelo roubo seguido de morte do universitário Frederico Colnaghi de Almeida, 22 anos, na última quinta-feira (5), perdeu o avô em um episódio semelhante.
Luis Eduardo da Silva Rossa, 19, nem chegou a conhecer o familiar que trabalhou 25 anos como taxista e, próximo à aposentadoria, decidiu ser motorista particular. Durante uma viagem, dois criminosos em uma moto tentaram rouba-lo e acabaram efetuando diversos disparos.
Dezenove anos depois, o neto Luis Eduardo confirmou à Polícia Civil ter participado de um latrocínio na última semana. A mãe dele, Adriana da Silva, lamenta o fato de a história se repetir e ainda nutre a esperança de que o filho seja inocente.
“Meu filho sabia disso, todo mundo sabia disso. Sabia da dor que a gente passou. Por isso creio que meu filho não mataria uma pessoa”, diz.
Luis Eduardo não estava trabalhando atualmente. Ele atuou, até o mês de setembro, na agência lotérica que pertence ao seu pai. O jovem concluiu o ensino fundamental e demonstrava a intenção de cursar o restante dos estudos no formato Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A família afirma não suspeitar da participação dele em crimes.
Abandono
Dieimifer Roberto da Silva, 20 anos, admitiu ter disparado três vezes contra o estudante na última quinta-feira (5). Ele mora em uma casa humilde na Vila Paim, em São Leopoldo.
De acordo com familiares, o Clio prata utilizado no crime era visto com frequência em frente à casa da família de Dieimifer. Inclusive, o rapaz chegou a mostrar a parentes que possuía um revólver calibre 38, afirmando que “estava sendo perseguido”.
O jovem foi abandonado pela mãe ainda bebê, quando acabou sendo adotado por uma família de São Leopoldo. O pai adotivo possui dificuldades de locomoção e a mãe adotiva está internada em um hospital com uma grave doença. Dieimifer estudou apenas até a sexta série e tinha uma personalidade difícil.
“Ele era revoltado, estourado”, admite um familiar.
Hoje ele teria uma entrevista de emprego para fazer, oportunidade oferecida por um parente, mas Dieimifer já havia dito que não iria, já que havia conseguido um “bico” de vigilante e ganharia R$ 150 por noite.
Vestibular
O terceiro suspeito é Douglas Vinicius da Silva, 19 anos. Ele havia sido contratado há cinco meses em uma loja de tintas no Bairro Caxias do Sul, em São Leopoldo. De acordo com colegas, o jovem fazia um bom trabalho. Ele era conhecido dos proprietários há mais de cinco anos.
“A gente achou que era uma pegadinha quando a polícia chegou aqui”, relata um colega.
Douglas se formou no ensino médio e chegou a passar no vestibular para Direito na Unisinos em dezembro do ano passado. No entanto, não se matriculou no curso.
Prisão
Os três jovens estão presos na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas. A Justiça decretou a prisão preventiva e, devido a isso, eles devem permanecer no local durante as investigações. A Polícia Civil ouve novas testemunhas que podem ligar o grupo a outros crimes. Não está descartada a participação de um quarto integrante em crimes cometidos nos últimos meses.