Em um dia de sol, calor e muita tranquilidade, 32 milhões de eleitores argentinos foram às urnas neste domingo para escolher, pela primeira vez na história, um presidente em segundo turno. Daqui a pouco mais de duas semanas, em 10 de dezembro, o liberal conservador Macri, prefeito da cidade de mesmo nome, ocupará as dependências da Casa Rosada e abrirá uma nova página para nossos vizinhos.
O candidato oposicionista Mauricio Macri é o novo presidente da Argentina. Com 68,67% dos votos apurados, o governista Daniel Scioli admitiu a derrota nas eleições presidenciais argentinas. Líder de centro-direita, engenheiro e ex-presidente do clube Boca Juniors, Macri rompe um ciclo de 12 anos de presidentes de centro-esquerda que deram nome ao kirchnerismo.
Os desafios e prioridades do novo presidente argentino
Como seria a Argentina de Mauricio Macri e de Daniel Scioli
Acompanhe o repórter Léo Gerchmann, enviado especial de ZH, no Twitter:
As eleições são curiosas por diversos aspectos. Um deles é a semelhança dos dois candidatos, amigos um do outro. Ambos são filhos de famílias ligadas ao setor empresarial e se tornaram conhecidos pelo esporte. Scioli foi multicampeão de motonáutica, e Macri também conseguiu diversas conquistas importantes como presidente do Boca Juniors.
A tendência vinha sendo de vitória macrista durante toda a disputa de segundo turno. Os institutos de pesquisa indicavam vitória, em média de 10 pontos percentuais - como reafirmaram as de boca de urna. Scioli venceu no primeiro turno, mas diferença provavelmente insuficiente para compensar a união de uma oposição fracionada. Como candidato que representa a presidente Cristina Kirchner e os 12 anos de kirchnerismo, ele carrega também o desgaste de ser governo.
Nos últimos oito anos, os dois presidenciáveis governaram dois dos cinco maiores distritos eleitorais da Argentina, que juntos representam 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do pais. O analista politico Rosendo Fraga salienta o ineditismo, nos últimos 50 anos, de a Argentina não ter um presidente advogado ou militar. Vê na provável vitória de Macri a curiosa presença de um engenheiro no poder, o que, segundo Fraga, pode significar importantes ações de mudança estrutural no país.
O sentimento de tranquilidade nas ruas de Buenos Aires, neste domingo, pode ser consequência de dois aspectos: a população não se entusiasma com nenhum dos dois e está cansada de depositar esperanças na política. O sentimento é de que tanto Macri está convencido da vitória quanto Scioli está resignado com a derrota. Nas ruas, as pessoas veem a eleição de Macri como provável. Um garçom perguntou à reportagem da Zero Hora sobre as pesquisas, e, ao ouvir que todas elas dão vitória macrista, respondeu que elas se desmoralização, pois Scioli ganhará com o voto das classes mais desfavorecidas, que preferem o peronista em razão das ações sociais do atual governo, apesar do declínio econômico geral.
* Zero Hora