O ex-sócio da boate Kiss Elissandro Spohr, 32 anos, o Kiko, será o terceiro réu do processo criminal sobre o incêndio a ser ouvido pela Justiça. O depoimento será nesta terça-feira, às 13h30min, no Salão do Júri do Fórum de Santa Maria.
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Mais do que esperar que Kiko fale - o réu tem o direito de ficar em silêncio e o advogado não adiantou se ele vai responder às perguntas - , a expectativa entre a assistência de acusação e os familiares das vítimas é sobre o que ele falará.
"O Danilo decidia o show. Ele dava o dinheiro, e eu comprava o artefato", diz réu do caso Kiss
- Ele tem três opções: fica quieto, diz o óbvio ou fala tudo o que aconteceu, se teve contribuição de agente público ou não para a boate ficar aberta, funcionando, mesmo estando irregular - disse o advogado Luiz Fernando Smaniotto, que integra a assistência da acusação.
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Em entrevista ao jornal Zero Hora, há exatos dois anos, Kiko atribuiu responsabilidades aos órgãos públicos. Aliás, essa sempre foi a tese da defesa. Por diversas vezes, o advogado Jader Marques sustentou que seu cliente tem a cota de responsabilidade dele, mas não é o único, referindo-se à ausência de agentes públicos no banco dos réus.
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À época da entrevista, Kiko disse que as obras que fez na casa noturna "foram de acordo com o que foi exigido". Quando perguntado a quem se referia, complementou: "Quem vistoriou, bombeiros, prefeitura e o Ministério Público." O ex-sócio afirmou ainda que a Kiss "não era uma boate clandestina", que "todos os órgãos públicos estiveram lá" e que "tudo lá foi visto".
Após o incêndio, Kiko esteve internado sob custódia policial em hospital de Cruz Alta até receber alta, em 5 de fevereiro de 2013, quando foi para a Penitenciária Estadual de Santa Maria. No local, já estavam os outros três réus do processo: Marcelo de Jesus dos Santos, Luciano Bonilha Leão e Mauro Hoffmann.
Depois de sair da cadeia, Kiko se mudou para Porto Alegre. Esteve em Santa Maria para o nascimento da filha, mas diferentemente de Mauro, não era visto circulando pela cidade. Assistiu às audiências na Capital, mas, em Santa Maria, esteve em apenas uma sessão, no dia 30 de junho deste ano.
O interrogatório de Kiko, inicialmente, marcado para 2 de dezembro, em Porto Alegre, foi transferido para Santa Maria, a pedido da defesa, e antecipado para esta terça-feira. Às 13h30min, ele estará de frente para o juiz Ulysses Fonseca Louzada, que lhe dará a chance de falar.