Aberta em 2005 e atendendo só pacientes via SUS, a Oftalmoclínica Santa Maria vai fechar em dezembro e corre o risco de não reabrir em 2016. Segundo o médico Alexandre Garcia Rossi, são feitas mais de cem cirurgias de catarata e outras doenças por mês e 1,5 mil atendimentos. Serviços que estão ameaçados devido à falta de verbas, o que deve aumentar mais a fila de espera na cidade. Rossi diz que, devido à grande defasagem dos valores pagos pelo SUS, têm tido prejuízo mensal de R$ 20 mil.
- O SUS paga R$ 10 por consulta e R$ 643 por uma cirurgia de catarata, sendo que só com materiais, são gastos R$ 773 por cirurgia, sem contar o pagamento do médico, do anestesista, da instrumentadora, do aluguel da sala. Para tudo, dá mais de R$ 1,4 mil - diz Rossi.
O médico faz um comparativo e diz que a tabela do Consórcio Intermunicipal de Saúde prevê R$ 92 pela consulta e R$ 1.497 por cirurgia de catarata.
- O SUS não existe mais. É um grande engodo, só para manter a fachada - reclama, indignado.
O médico diz que, até 2013 conseguia equilibrar as contas da clínica, que funciona no bairro Chácara das Flores, em frente ao Asilo Vila Itagiba. Mas desde 2014, está no prejuízo. Este ano, a prefeitura ajudou, com R$ 80 mil mensais de abril a setembro. Depois, segundo Rossi, prometeu R$ 55 mil por mês, mas pagou.
- Vou ter de dar férias coletivas aos oito funcionários em 1º de dezembro e fechar a clínica. Em 2016, não sei se vou reabrir. Se reabrir, serão poucos atendimentos pelo SUS e, o resto, serão atendimentos sociais, cobrando só o preço de custo - diz ele, que faz cirurgias até aos sábados e revisões nos pacientes aos domingos.
A secretária de Saúde de Santa Maria, Vânia Olivo, estava ontem em Brasília tentando resolver este e outros problemas. Segundo ela, a responsabilidade pelo serviço de oftalmologia é do Estado, mas por causa da grande fila de espera via SUS na cidade, a prefeitura fez repasses extras à Oftalmoclínica. Porém, devido à escassez de verbas e aos atrasos do Estado, não teve mais dinheiro. A prefeitura quer assumir o atendimento pleno em oftalmologia e já teve as aprovações para isso. Dessa forma, o município é que vai receber as verbas e gerir todo o atendimento de oftalmo via SUS.
- Estamos pedindo mais atendimentos de oftalmo ao Husm e enviando a Faxinal o máximo de pacientes que for possível, para reduzir a fila de espera e termos tempo para solucionar esse problema. Vamos tentar justificar a aprovação do aumento do teto (valor) para oftalmo via SUS e, ao assumirmos, teremos de licitar o serviço, e a Oftalmoclínica poderá concorrer - diz Vania.