O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais avalia se um corpo encontrado em Rio Doce (MG) tem relação com o rompimento de duas barragens no distrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana. A corporação chegou a informar que se tratava da segunda vítima do mar de lama que varreu a região, mas voltou atrás posteriormente, em comunicado através de seu perfil no Twitter. O corpo foi localizado a cerca de 100 quilômetros do local do acidente, e os bombeiros aguardam mais informações para checar se ele de fato está relacionado ao rompimento das barragens. Treze pessoas continuam desaparecidas.
Até agora, apenas a primeira vítima fatal foi identificada, um funcionário da mineradora Samarco, chamava-se Claudio Fiuza, 40 anos. De acordo com o comunicado, o homem teve um mal súbito quando ocorreu o rompimento.
As barragens do Fundão e de Santarém, pertencentes à empresa Samarco, romperam na quinta-feira por volta das 16h30 e inundaram a região com lama, rejeitos sólidos e água usados no processo de mineração.
O Corpo de Bombeiros informou que mais de 500 moradores de áreas afetadas pelo rompimento das barragens foram resgatados pela corporação. No total, 105 bombeiros e 20 viaturas estão em Bento Rodrigues, área rural onde ocorreu o acidente.
Conforme a mineradora Samarco, todos os esforços estão sendo empregados para priorizar o atendimento às pessoas e a mitigação de danos ao meio ambiente. "As autoridades foram devidamente informadas, e as equipes responsáveis já estão no local prestando assistência. Não é possível, neste momento, confirmar as causas e extensão do ocorrido, bem como a existência de vítimas", diz a empresa na nota.
No comunicado, a Samarco reitera a "importância de que não haja deslocamentos de pessoas para o local do ocorrido, exceto as equipes envolvidas no atendimento de emergência".
Causas
A região do município de Mariana registrou cerca de dez abalos sísmicos, segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB). Dois deles puderam ser sentidos, já os demais eram de menor magnitude. Analistas do Centro de Sismologia da USP também estão investigando sobre o assunto, mas não há informações que comprovem a ligação entre os abalos e as causas do rompimento das barragens.
O Ministério Público abriu inquérito para apurar as causas da tragédia. Para a imprensa, o promotor Ferreira Pinto destacou que "nenhuma barragem rompe por acaso, não é uma fatalidade". A região atingida pelo acidente é alvo de exploração desde o período colonial. O início da alteração da paisagem data do século 18, com intenso desmatamento praticado por mineradoras em busca, principalmente, de ferro.
A análise é da própria Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do governo de Minas Gerais. As informações constam de um relatório oficial elaborado em 2013 pela pasta, que atendeu a um pedido da empresa Samarco para aumentar a capacidade de armazenamento de rejeitos da Barragem do Fundão. A outorga tinha validade de seis anos e previa o aumento da pilha de rejeitos com uma barragem de até 152,5 metros.
A secretaria relata que o desmatamento da região foi intensificado nas últimas décadas. "As matas de grande porte foram fragmentadas e substituídas por plantações de eucalipto".
*Zero Hora, com agências