- Segura na mão de Deus e vai.
Assim indica o idealizador de uma tirolesa no bairro Santa Vitória, em Santa Cruz do Sul, para uma moradora que vai fazer a travessia improvisada do Arroio das Pedras. Diante da queda da ponte de madeira com base de concreto na enxurrada da semana passada, o cortador de pedras Abraão Ramires desenvolveu a engenhoca.
Apesar de trégua, chuva deve voltar ao Estado no domingo
Feita com um cabo de aço, cordas, duas roldanas e o esqueleto de uma cadeira de metal, com cerca de 50 metros de extensão e a cinco metros do fundo do arroio, a tirolesa exige que tenha uma pessoa em cada extremidade para puxar o passageiro.
Mesmo diante do risco de queda, cerca de 50 moradores, incluindo crianças, utilizam com frequência o meio de transporte desde segunda-feira.
Veja como funciona a tirolesa:
De acordo com o presidente da Associação do Bairro Santa Vitória, Roque Antônio Ramos, as únicas outras duas opções de ligação entre o bairro e o Loteamento Santa Maria são atravessar o arroio a pé, que ainda tem mais de um metro de água (mas teria atingido 5m), ou um caminho por terra, que aumenta o trajeto em oito quilômetros e também não tem condições para passagem de veículos.
- É perigosa. Eu fiquei com medo de andar e passei pela sanga. Arremanguei o abrigo e tirei os tênis. Mas tem muitos buracos e não dá para criança passar - avalia Ramos.
Leia todas as reportagens sobre chuva
Segundo ele, a ponte corria risco de queda há três anos e foi sendo corroída pelo tempo e pelas chuvas.
- Eu cansei de avisar a prefeitura. Avisei, avisei e avisei. Mas ninguém fez nada, agora a gente tá assim - aponta.
ZH fez contato com a prefeitura, mas até a publicação da reportagem não havia recebido retorno.