
Pelo menos duas medidas foram prometidas pelas autoridades após o acidente desta segunda-feira, na BR-386, onde três meninas morreram ao serem atingidas por um rodado de caminhão enquanto esperavam o ônibus para a escola. A primeira é reforçar a fiscalização no trecho onde ocorreu o acidente, próximo à aldeia indígena, no km 360, em Estrela. A segunda trata da colocação de mais placas de sinalização pelo Dnit nos próximos dias no local.
As iniciativas foram discutidas em uma reunião entre representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito (Dnit), da prefeitura de Estrela e do Ministério Público Federal (MPF).
De acordo com Adão Vilmar Madril, inspetor-chefe da 4ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (4ª DPRF), um radar fotográfico que flagra irregularidades até um quilômetro antes do local onde está o agente já começou a ser usado nesta segunda-feira no local.
Madril explica que, como o posto da PRF possui apenas um controlador de velocidade, ele não deve ser usado exclusivamente no trecho da aldeia.
- Tem o fato de que as baterias têm tempo de uso e também porque temos outros locais com necessidade de fiscalização. Mas, no momento, nossa prioridade vai ser esse trecho (da aldeia) - afirma o inspetor.
Às 19h, a PRF ainda montava uma estratégia de horários e localização do radar. A tendência é que o equipamento seja usado no local do acidente nos horários de maior movimento de pedestres, como o início da manhã e o final da tarde.
Outras medidas, como a colocação de uma lombada eletrônica, a antecipação do início das aulas dentro da aldeia (previstas para o início de 2016), mesmo sem a escola estar concluída, e a construção de um abrigo de ônibus afastado da rodovia, serão avaliadas pelos órgãos competentes.
De acordo com o cacique, Carlos Soares, que é tio das meninas, a revolta dos índios foi maior porque a tribo já havia solicitado que o ônibus escolar buscasse os estudantes dentro da aldeia, evitando a caminhada pelo acostamento.
Em nota, a prefeitura de Estrela informou que, assim como a 3ª Coordenadoria Regional de Educação, não recebeu o pedido. A administração municipal ainda disse que o ônibus escolar obedece um roteiro estabelecido há mais de 10 anos e que é de responsabilidade dos pais acompanhar e embarcar os filhos com segurança. No entanto, após reunião com PRF, caingangues e Ministério Público, o oferecimento das aulas dentro da aldeia vai ser avaliado.
Polícia ainda não sabe velocidade do caminhão no momento do acidente
Sem o horário exato pelo qual o motorista do caminhão passou pelo ponto onde estavam as vítimas, a polícia não consegue saber qual era a velocidade com que ele trafegava no momento do acidente.
O que uma análise preliminar do tacógrafo apontou é que, entre as 5h, horário em que o veículo deixou Alvorada, até pouco depois das 6h, quando é estimada a passagem por Estrela, a velocidade média girou em torno de 90 km/h.
- Antes da perícia no tacógrafo não tem como precisar a hora certa e ver exatamente a velocidade - explica o delegado de Estrela, José Romaci Reis.
O próximo passo da investigação é ouvir moradores da aldeia para buscar pistas das causas do acidente. A perícia no tacógrafo, no caminhão e no local do acidente depende do Instituto-Geral de Perícias.
Segundo o delegado, no acidente ocorrido em março do ano passado, em que uma criança de 2 morreu ao ser atingida pela roda de um carro no mesmo trecho da BR-386, mas no sentido oposto, a perícia não foi conclusiva, ou seja, não apontou com exatidão as causas do acidente. No entanto, daquela vez, o motorista não foi preso em flagrante.
Veja imagens feitas após o acidente: