A 2ª Delegacia do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) coordena, na manhã desta quinta-feira, uma operação policial para desarticular pontos de venda de drogas que funcionavam na mesma rua do Fórum da Restinga, na Zona Sul de Porto Alegre. Pela relação com o local, a operação está sendo chamada de Atrium, tribunal em latim.
O local é área de atuação de uma facção criminosa, cuja base funcionava distante duas quadras do prédio da Justiça e um dos traficantes mandou pichar o próprio nome em um dos muros do imóvel.
Cerca de cem policiais cumpriram 25 mandados de busca e apreensão e 15 de prisão temporária. Foram 10 meses de investigação do delegado Thiago Lacerda:
- Conseguimos identificar os líderes da quadrilha e prendemos 28 pessoas - afirma o delegado.
O grupo criminoso se divide em três células: uma só para vender crack, outra cocaína e uma terceira vende maconha.
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Investigação
Lacerda diz que sua equipe passou a apurar os fatos após prisões que ocorriam diariamente na Restinga, principalmente após um flagrante ocorrido em janeiro deste ano. Com isso, os responsáveis pelo tráfico foram identificados e monitorados.
Algumas residências deles têm monitoramento por câmeras de vigilância. Em uma ação em junho deste ano, dois homens foram presos com 2 mil pedras de crack. Um veículo Fiat avaliado em R$ 50 mil foi apreendido.
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Maconha
Segundo Lacerda, esta primeira célula era coordenada por César Isaac Goulart de Oliveira, recolhido no Presídio Central por tráfico de drogas e que responde por diversos processos de homicídio. Conhecido como Bolinha, ele já foi investigado por coordenar de dentro da cadeia o tráfico de maconha na região.
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Cocaína
O delegado Lacerda diz ainda que esta segunda célula era coordenada por Alexandre de Lima Lacortte. Conhecido como Nê, está foragido e coordena a venda de cocaína. Ele responde por vários homicídios na Restinga e já sofreu 10 tentativas de homicídio, sendo baleado em todas elas.
Crack
O combate ao crack é o principal foco da Operação Atrium. Esta terceira célula também era coordenada de dentro do Central. O responsável por toda venda de crack na localidade era Airton de Rezende, segundo a investigação. Conhecido como Alemão de Rezende, tem vários processos por tráfico. Foi ele quem puxou o muro lateral do fórum, pela rua Jacques Yves Cousteau.
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Organização das células
- Líder
- Gerente Geral: controla atividades sem tocar nas drogas
- Contador: faz pagamentos e cuida das finanças em geral
- Gerência de vendas: controla venda de droga nas bocas de fumo, selecionando vendedores
- Vendedores: "vapores" que vendem, no caso de crack, pacotes com 50 saquinhos (cada um com duas pedras) ao preço de R$ 20 cada.
- Soldados: atacar grupos rivais e evitar que facções tomem os pontos já conquistados.
- Olheiros: moradores escolhidos para informar sobre a movimentação do local.
- Mula: transporta drogas.
- Depositário: sem antecedentes, responsável por esconder armas, drogas e dinheiro.
- Preparador: transformava tijolo de crack em pedras em um esconderijo do grupo, na Lomba do Pinheiro.
Fotos: Ronaldo Bernardi, Agência RBS
* Zero Hora