O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ter pedido o afastamento do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, à presidente Dilma Rousseff. Em entrevista a Mário Kertész, da Rádio Metrópole, de Salvador, Lula disse que tal movimento seria "desleal". Ele também disse que não indicou o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles para o cargo.
- Eu não seria desleal com a Dilma, não seria desleal com o Levy e não seria desleal com o Meirelles. Eu não sou o presidente e não tenho o direito de indicar ninguém. Eu tenho o direito de torcer para que a presidenta Dilma escolha as pessoas mais corretas - disse, na entrevista realizada na manhã desta sexta-feira.
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Lula afirmou que, quando Levy foi indicado para o ministério, ele argumentou que era a "melhor notícia" que Dilma havia dado desde a vitória da reeleição.
- Foi o primeiro momento que a imprensa falou com carinho de uma indicação da Dilma - destacou.
- E ele (Levy) tem a responsabilidade de fazer o ajuste, agora ele também não tem o controle do Congresso Nacional - ponderou.
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- Se a Dilma quiser ficar com Levy, ela fica; se quiser tirar, ela tira. Eu vou continuar apoiando, torcendo para o governo dar certo. Porque, se o governo não der certo, quem perde não é a Dilma, quem perde sou eu, é você, é o povo brasileiro - completou o ex-presidente.
Cunha
Lula negou qualquer tipo de acordo com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que evitasse a cassação do deputado em troca de não deixar passar processos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, como veiculado na imprensa.
- Não tem acordo, porque eu não tenho nem mandato para fazer acordo. O que eu tenho é liberdade para conversar com todo mundo - afirmou o ex-presidente.
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O ex-presidente defendeu o direito do peemedebista à defesa e disse que, se for culpado, vai pagar.
- O Eduardo Cunha tem que ter o direito de defesa que eu quero pra mim, pra Dilma, pra todo mundo. Ele tem que ter apenas o direito de se defender. E se ele for culpado, ele vai pagar como todo mundo tem que pagar nesse país -disse na entrevista.
Lula disse ainda que não quer afundar Cunha, mas pediu que ele coloque em votação as pautas de interesse para o governo e para o país.
- Enquanto ele for presidente da Câmara, ele vai determinar a pauta do Congresso Nacional e nós temos interesse em aprovar não só parte do ajuste, aprovar a CPMF, o orçamento, mas aprovar outras medidas que estão lá que são importantes - disse.
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Impeachment
Com relação ao movimento favorável à saída da presidente Dilma do governo, Lula disse não haver razão para o impeachment, a não ser a "atitude irracional" daqueles que querem chegar ao poder sem esperar as próximas eleições. Ele afirmou ainda que as pessoas estão "tomando juízo" e que, por isso, avalia que a "conversa" de impeachment vai acabar logo.
- Não há nenhuma razão jurídica, nenhuma explicação a não ser a atitude irracional de querer fazer o impeachment da presidente. Não há um fato - disse.
O ex-presidente repetiu a argumentação de que a oposição não se conforma com a derrota nas urnas.
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- Eu nunca acreditei que vai ter impeachment, porque seria uma coisa tão irracional, de tanta instabilidade pra esse país. Imagina que todo mundo que ganha as eleições, no dia seguinte a oposição vai estar nas ruas pedindo impeachment? - questionou
*Estadão Conteúdo