A presidente Dilma Rousseff afirmou três vezes neste domingo em Estocolmo, na Suécia, que "lamenta" que as denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, envolvam um brasileiro.
- Eu lamento que sejam contra um brasileiro - destacou.
Segundo a presidente, não houve acordo entre os chefes dos dois poderes, Executivo e Legislativo, por mais estabilidade política, mas acusou "a oposição" de ter firmado um entendimento com Cunha.
Dilma está na Suécia na primeira etapa de uma turnê pelo norte da Europa que envolve ainda a Finlândia. Na tarde deste domingo, após se encontrar com os monarcas da Suécia, o rei Carlos XVI e a rainha Silvia, a presidente concedeu sua primeira entrevista. Questionada se considera pertinente firmar um acordo com Eduardo Cunha que garanta a trégua na tramitação do impeachment na Câmara, Dilma descartou a hipótese.
- Eu acho fantástica essa conversa de que o governo está fazendo acordo com quem quer que seja - disse ela, atacando seus opositores.
- O acordo de Eduardo Cunha não é com o governo, era com a oposição. Era público e notório. Até na nota aparece - completou ela.
A presidente se referia a um comunicado emitido em 8 de outubro pelas direções do PSDB, DEM, PPS e PSB, no qual a oposição pediu o "afastamento do cargo" do presidente da Câmara para que ele pudesse "exercer seu direito constitucional à ampla defesa". A nota foi interpretada como fraca, uma prova de que a oposição não deseja de fato a sua renúncia.
Dilma ainda mencionou que não comentaria as denúncias de que Cunha tem contas não declaradas na Suíça, nas quais teria recebido propinas. Indagada se a crise política estaria menos intensa após as denúncias contra Cunha, a presidente avaliou não ver "grandes alterações ao longo desse semestre", mesmo depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou a interpretação do presidente da Câmara sobre o rito de um eventual processo de impeachment.
- Nós ainda temos de alcançar uma estabilidade política baseada em um acordo no sentido de que os interesses partidários, pessoais, de cada corrente, têm de ser colocados abaixo dos interesses do país - argumentou.
Ao ser perguntada sobre a qual "acordo" ela se referia, a presidente respondeu:
- Com toda a sociedade.