A Justiça interditou a Comunidade Terapêutica Ferrabraz, nesta quinta-feira, em São Francisco de Paula. Funcionários e monitores da instituição são investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP) por denúncias de tortura, agressão e cárcere privado contra os pacientes.
Os internos também seriam obrigados a cumprir tratamento contra a dependência química à força, sem determinação judicial, como é de praxe em casos de internação compulsória. Para evitar fugas, a instituição manteria grades nas janelas e portas externas fechadas com cadeados, o que seria contra a lei.
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Durante a operação de interdição, a Brigada Militar (BM) encontrou 15 monitores e 15 pacientes na casa. Os monitores seriam ex-dependentes químicos que prestam serviços na Ferrabraz. Todos os pacientes foram transferidos da instituição, situada no centro da cidade, para o Ginásio Municipal de Esportes.
Somente na manhã desta quinta, 10 internos prestaram depoimento na Delegacia de Polícia. Seis suspeitos de envolvimento nas denúncias de tortura serão ouvidos à tarde. Ainda não há nenhum indiciamento.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, Fernanda Seibel Aranha, a interdição não tem relação com o inquérito aberto há quatro meses na delegacia. O pedido de fechamento partiu do MP por questões administrativas, segundo Fernanda.
Na semana passada, os agentes da delegacia apreenderam sprays de pimenta, algema e lanterna de choque dentro da comunidade. Conforme relatos dos pacientes, o material seria empregado para torturar e conter os internos.
- Já ouvimos outros seis internos além dos 10 de hoje, mas o inquérito só será concluído na próxima semana. Não temos nenhum mandado de prisão contra os suspeitos - ressaltou a delegada.
A Secretaria da Saúde de São Francisco informou, por meio de nota, que está prestando atendimento provisório aos internos no ginásio. Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem foram deslocados para o local para dar auxílio. A Secretaria Municipal de Assistência social também encaminhou psicólogos e assistentes sociais.
CONTRAPONTO
A reportagem não conseguiu contatar os responsáveis pela Comunidade Terapêutica Ferrabraz.