A dona de casa Catiuce Severo de Oliveira, 21 anos, estava sozinha com o filho, Eduardo Severo, três anos, enquanto o temporal despejava pedras de gelo e rajadas de vento sobre a casa de madeira em que se encontravam, no município de Rio Pardo, na noite de quarta-feira.
Temporal causou estragos a quase um terço da população de Rio Pardo
Um dos cinco irmãos de Catiuce, Cássio, 18 anos, bateu à porta e pediu que todos se refugiassem na casa da mãe, localizada em um ponto mais baixo do mesmo terreno no bairro Jardim Boa Vista. Catiuce preferiu ficar. Momentos depois, uma araucária desabou sobre ela e o menino.
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Logo depois de ter tentado convencer a irmã a ficar com o restante da família, por volta das 22h, Cássio conta que ouviu um estrondo. Quando olhou para o local onde costumava ficar a casa da irmã, viu apenas a árvore caída e destroços espalhados por todos os lados. Correu para lá a tempo de encontrar Catiuce ainda viva, com o tronco de cerca de 40 centímetros de diâmetro sobre o seu peito. Ela segurava um celular ligado para indicar sua localização em meio à escuridão.
- Cuida do meu filho - pediu a dona de casa.
Mãe e filho dividiam a mesma cama. Não havia, porém, sinal do menino entre os destroços nem barulho de choro. Somente quando os bombeiros chegaram ao local, perto das 23h, conseguiram localizar Eduardo, já morto, caído no chão próximo à cabeceira da cama. Catiuce também havia morrido. Tiveram de serrar o tronco para retirar a vítima debaixo dele.
Cássio afirma que a irmã chamou os bombeiros antes de construir a residência ao lado da araucária para que o vegetal fosse cortado. Ela consideraria a árvore pouco segura e teria pedido sua remoção. Após análise, entretanto, não teria sido constatado motivo para o corte. O comandante do Corpo de Bombeiros do município, tenente Julio César da Luz, afirmou que irá averiguar o caso.
- Quando a situação de calamidade passar, vamos ver nossos registros para saber se realmente estivemos no local e quando foi. Uma árvore sem risco pode vir a ter em algum momento. Vamos ver o que aconteceu - disse.
Na manhã desta quinta-feira, o terreno onde ficava a casa ainda exibia os restos da árvore serrada pelos bombeiros, uma bicicleta de Eduardo, restos das paredes de madeira e roupas. Somente o banheiro, feito de alvenaria, resistiu em pé. O município de Rio Pardo contabilizava cerca de 5 mil casas atingidas e 600 famílias cadastradas para receber lonas.
Katiuce e Eduardo em foto do Natal de 2013
Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Veja imagens dos estragos:
* Zero Hora