O presidente do BCE, Mario Draghi, considerou, nesta quinta-feira, a adoção de novas medidas de estímulo econômico em dezembro, para afastar o risco de deflação e enfrentar os efeitos da desaceleração da China.
Os anúncios foram recebidos com alívio pelas bolsas europeias, que fecharam em alta, depois de uma abertura prudente.
Após sua reunião de dois dias em La Valeta, capital de Malta, o Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) decidiu manter sua taxa básica no seu mínimo histórico, de 0,05%, vigente desde setembro deste ano.
No entanto, Draghi deixou claro na coletiva de imprensa que a instituição não vacilará em recorrer a "todos os instrumentos de política monetária necessários" para sustentar o crescimento e os preços.
Entre essas medidas figura um novo corte dos juros, possibilidade levantada na reunião de Malta.
Draghi negou que o BCE estivesse em uma condição de observador passivo (de "wait and see", como escreveram muitos analistas) e afirmou que tem uma postura de "trabalho e avaliação".
"Não precisamos explicar nada. É uma declaração de intenções excepcionalmente clara", afirmou David Lamb, da FEXCO.
"O BCE continua muito preocupado pelas ameaças que pesam sobre o frágil crescimento da zona do euro, e pretende anunciar uma maior flexibilização monetária no final do ano", acrescentou.
As Bolsas receberam bem esses anúncios. Em Frankfurt, o DAX 30 subiu 2,48%, a 10.491,97 pontos e em Paris o CAC 40 teve alta de 2,28%, a 4.802,18 pontos.
Desaceleração global
"Não adotamos nenhuma decisão até o momento. É uma discussão aberta", disse Draghi, que tentou amenizar as expectativas, ao afirmar que a inflação "continuará sendo muito fraca no curto prazo".
Os analistas, contudo, acreditam que o euro forte em relação ao dólar, a queda dos preços e a desaceleração da China, com um impacto negativo direto na demanda mundial, trazem argumentos de sobra aos partidários de novas medidas de flexibilização nos 19 países da zona do euro.
O BCE se comprometeu em março, em seu programa de "flexibilização quantitativa", a injetar 1,1 trilhão de euros no sistema financeiro, a um ritmo de 60 bilhões de euros mensais até setembro de 2016, mediante a compra de dívida pública e privada dos países da zona do euro.
Os mercados especulam com a possibilidade de que o BCE acelere ou aumente rapidamente esse programa, em resposta à queda dos preços em setembro (-0,1% em média).
A baixa inflação pode ser percebida positivamente pelos consumidores, mas costuma retardar decisões de investimentos e de compras, com um impacto de forte desaceleração econômica. O BCE estima que um índice inflacionário um pouco abaixo dos 2% garante um crescimento equilibrado.
* AFP