Atendendo a uma demanda da comunidade indígena da região e dentro das previsões do programa de ações afirmativas da instituição, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) passará a ter um processo seletivo específico para os índios aldeados. A decisão foi aprovada na última sexta-feira pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). A exemplo de outras instituições no país e no Estado, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que já adotaram o sistema de ingresso, os estudantes indígenas interessados em ingressar na UFSM terão seleção específica, com prova diferenciada, já a partir de 2016.
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As inscrições gratuitas para o processo seletivo começaram nesta terça-feira e vão até 6 de novembro, pelo site da Coperves. A prova será aplicada em 17 de janeiro de 2016, nos campi de Santa Maria e Frederico Westphalen, e é constituída de 20 questões de múltipla escolha e uma redação. Todo o conteúdo será elaborado de acordo com a temática indígena. Serão destinadas 20 vagas para ingresso em 20 cursos de graduação (veja relação abaixo).
- Nada mais é do que um olhar específico para a realidade indígena da região, que apresenta uma carência no acesso dos índios à universidade. É uma conquista para nós e para eles - comenta Jerônimo Siqueira Tybusch, coordenador de planejamento acadêmico da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd).
Tybusch explica que o edital foi elaborado junto à Comissão de Implementação e Acompanhamento do Programa Permanente de Formação de Acadêmicos Indígenas (CIAPFAI), responsável pelos assuntos relacionados ao ingresso de indígenas na universidade, e que por isso, a escolha dos cursos se deu conforme a necessidade dos próprios indígenas.
- É uma forma do saber retornar à aldeia, ao universo indígena. O estudante, depois de formado, tem a possibilidade de aplicar os conhecimentos à própria realidade - afirma Tybusch.
Ingresso e permanência
Atualmente, cerca de 40 indígenas estão matriculados em cursos de graduação da UFSM. Além das políticas de acesso à graduação, a instituição defende um processo de integração entre o ingresso e a permanência. Para isso, todos os estudantes que entrarem pelo processo seletivo indígena terão o benefício socioeconômico (com direito à moradia e bolsa alimentação no Restaurante Universitário) garantido.
- Nós entendemos que a ação afirmativa integral nesse caso envolva tanto o ingresso do estudante, quanto as condições para que ele possa entrar, permanecer no curso e concluí-lo - explica Tybusch, que também é presidente da Comissão de Seleção e Ingresso da UFSM.
Em março, a universidade anunciou a construção de moradias exclusivas para estudantes indígenas. A intenção é construir, no total, quatro prédios, de quatro andares, com 16 apartamentos cada. Conforme o pró-reitor adjunto de Infraestrutura da UFSM, Benoine Josué Poll, o edital de licitação para a construção do primeiro bloco deve ser divulgado no dia 23 de outubro. A expectativa é iniciar a obra ainda no final deste ano.