Em entrevista ao programa Preto no Branco, do Canal Brasil, no domingo, o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro disse ter preocupação com a hipótese de a presidente Dilma Rousseff não conseguir terminar o mandato.
- Tenho essa preocupação, sim. Tanto é verdade que eu sustento que o PT, se deve ter algum elemento de unidade hoje, é o apoio determinado, sério, organizado e dialogado com toda a sociedade de que a presidenta Dilma tem o direito de governar. Tem que ter estabilidade para governar, mesmo que seja para fazer esse ajuste que está aí - declarou Tarso, segundo o Portal G1.
O pedido de saída da presidente do comando do Executivo tem sido uma das principais reivindicações dos protestos realizados no país nos últimos meses. Na Câmara, quatro pedidos de abertura de processo de impeachment foram arquivados em agosto, mas outros pedidos de investigação e afastamento ainda devem ser analisados. Tarso, no entanto, emendou dizendo não acreditar no risco de um golpe:
- Não acho que o Brasil esteja inclinado, hoje, a receber um golpe militar ou coisa parecida. Não acredito nisso. Hoje nossas Forças Armadas têm maturidade e qualidade suficientes para preservar a sua condição de guardiã da Constituição, das fronteiras e de nossa estabilidade, assim como os demais poderes. Evidentemente, tem processos legais que podem ser levados a isso.
Para o ex-governador, a única forma de afastar a possibilidade de impeachment de Dilma é mudar a política econômica:
- O governo, para afastar a criação de um bloco social capaz de dar sustentação para o impedimento, de um bloco parlamentar, teria que mudar a política econômica e monetária. Teria que fazer um ajuste que não se debruçasse sobre as costas dos mais pobres.
ZH entrevistou Tarso no dia 11 de setembro. Confira em vídeo:
Tarso pregou, ainda, necessidade de diálogo entre as "forças democráticas", incluindo os ex-presidentes.
- Eu disse há pouco e repito que os ex-chefes de Estado (...) têm a obrigação de conversar em momentos de crise porque têm um valor mais alto a preservar. Valor, inclusive, que preserva as condições deles terem contenciosos políticos. Esse valor é a democracia do estado de direito - declarou.
O ex-ministro do governo Lula também disse acreditar que a aliança do governo com o PMDB já acabou, mas que o partido deveria defender a permanência de Dilma no poder.
- Acho que o PMDB tem obrigação de dar governabilidade ao governo da presidenta Dilma. Nós temos que defender seu mandato e honrar a votação popular. O PMDB tem obrigação com isso - disse.
Palácio do Planalto reage a ações pró-impeachment
Presidência pede investigação sobre ameaças de funcionária de buffet a Dilma
Perguntado sobre quadros do PT para concorrer à Presidência em 2018, Tarso citou outros nomes além de Lula, e disse que não seria candidato.
- Há outros quadros de alta respeitabilidade: (Fernando) Pimentel (governador de MG), (Jaques) Wagner (ministro da Defesa), (Aloizio) Mercadante (ministro da Casa Civil).