Os capítulos mais marcantes da história da jogatina no Brasil começaram a ser escritos em meados do século 20. Em 1933, o presidente Getúlio Vargas decidiu legalizar o jogo associado a espetáculos artísticos, inaugurando a era de ouro dos cassinos no país, que perduraria até 1946.
No Rio de Janeiro, estabelecimentos luxuosos se multiplicaram, entre os quais o Cassino da Urca. Grandes cantoras, como Carmen Miranda, ganharam fama nos salões. Em Petrópolis, região serrana do Rio, o Palácio Quitandinha foi inaugurado com pompa em 1944, descrito como o maior cassino da América Latina. Mas funcionou apenas dois anos.
Palácio Quintandinha em Petrópolis, região serrana do Rio, virou centro cultural a partir de 2007
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Governo federal quer legalizar jogos de azar no Brasil
Após assumir o lugar de Vargas, Eurico Gaspar Dutra proibiu, em maio de 1946, os jogos de azar no país. A medida foi tomada após a publicação de reportagem no jornal O Globo retratando "as fábricas do vício e do crime", como foram chamados os estabelecimentos. O texto escandalizou a primeira-dama, Carmela Dutra, que teria influenciado a decisão.
Em 1993, a Lei Zico autorizou a volta de bingos, para entidades esportivas angariarem fundos a partir da atividade. Depois de idas e vindas, o tema voltou a dominar as manchetes em 2004. Embora tenha se declarado favorável à liberação da atividade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou atrás. Motivo: Waldomiro Diniz, ligado à Casa Civil, foi acusado de cobrar propina de Carlinhos Cachoeira, empresário do ramo de jogos.
Para estancar a crise, Lula editou medida provisória vetando bingos e caça-níqueis. Onze anos depois, o assunto volta à tona. Mais uma vez, em tempos de crise.