O 2016 já chegou para quem faz política e tem pretensões de emplacar vereadores na próxima legislatura e comandar a prefeitura de Santa Maria a partir de 1º de janeiro de 2017. Para isso, os partidos começam a delinear as estratégias para conquistar o voto do eleitorado santa-mariense.
Entre as táticas a serem adotadas estão a busca por nomes "apolíticos", mas com destaque na sociedade. Ou seja, pessoas que, até então, não tiveram filiação partidária, mas estão propensas a colocar seu nome à disposição de concorrer à vereança e, inclusive, ao Executivo municipal.
O motivo seria oxigenar a política local e apresentar novos nomes para revigorar a classe para lá de desgastada.
Porém, os partidos têm de lidar com uma idefinição. Isso porque há uma novidade do projeto de lei da minirreforma eleitoral, que aguarda a sanção da presidente Dilma Rousseff (PT).
A Câmara Federal aprovou, por unanimidade, a diminuição de um ano para seis meses o prazo de filiação partidária antes das eleições e mantiveram o tempo de um ano de domicílio eleitoral antes do pleito.
Os presidentes de partidos trabalham como se fossem dirigentes de clubes de futebol, que buscam contratações de peso e que possam somar ao grupo. Profissionais liberais, como economista, advogados, professores de cursinhos, religiosos, militares estão na lista dos mais requisitados (leia na página 11).
As maiores siglas
Essa busca por novos filiados releva algumas pequenas mudanças de números nos últimos oito anos. O "Diário" fez um levantamento e comparou a evolução das sigilas na cidade. Os maiores partidos seguem sendo PT (4.584), PMDB (3.962), PP (3.152), PDT (3.080), PTB (2.195), PSDB (1.970), DEM (1.205) - veja os números no gráfico ao lado.
Entre os partidos grandes, os que mais cresceram foram o PSDB (com 56,7% de ganho de filiados entre 2007 e 2011) e o PTB que, na comparação 2007-2011, teve crescimento de 20,1%. Também entre os grandes, o PT, de 2007 a 2011, teve um recuo de 16,9% dos filiados.
Agora, a sigla cresceu 10,6% entre 2011 e 2015. Já o PMDB, que governa a prefeitura desde 2009, apresenta retração de 13,4% (entre 2007 e 2011) e a queda tem se mantido.
Partidos buscam nomes "apolíticos"
O "Diário" conversou com os presidentes dos nove partidos que têm representação no Legislativo local. Todos parecem, em um primeiro momento, terem adotado a mesma tática: a busca por nomes que não sejam ligados à política tradicional.
Na tentativa de anunciar os reforços antes do apito inicial do jogo partidário, os dirigentes tentam convencer figuras conhecidas como, por exemplo, o ex-delegado regional de polícia, Marcelo Arigony, a entrar na política. Ele foi convidado por vários partidos a se candidatar a prefeito, a vice e a vereador. A decisão virá até o fim deste mês.
A presidente do PR e vereadora Anita Costa Beber sustenta que o número de filiados não é a maior preocupação dela, mas, sim, garantir lugar na corrida à prefeitura:
- Estamos articulando o nome de um empresário de renome.
O PTB, que compõe a administração Cezar Schirmer (PMDB), deve ter candidatura própria, segundo o presidente petebista Ali Ramadan. Ele assegura que a sigla está em conversações com um empresário local.
Por falar em governista, o PMDB tenta fazer uma costura interna. Embora, Schirmer diga que o candidato e o apoio dos peemedebistas será para o vice-prefeito José Haidar Farret (PP) como cabeça de chapa, o presidente do PMDB e vereador Cezar Gehm pondera:
- O nome está sendo tratado. Estamos sendo procurados pelos partidos.
Do lado do PT, as tratativas são para compor um programa de governo que seja apresentado à sociedade. Depois das rusgas internas, o partido aposta suas fichas em Valdeci Oliveira.
Outra esperança das siglas - pequenas ou grandes, com ou sem vereador - é que mais filiados assinem fichas partidárias.
Impacto das crises no pleito de 2016
Com a recorrência de tantos escândalos envolvendo a classe política - como os casos de corrupção envolvendo a Petrobras - é possível que se tenha reflexos nas candidaturas. Essa, ao menos, é a leitura feita pelo cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Paulo Kramer:
- Será que o eleitor, minimamente informado, votaria em uma candidatura com o apoio do PT da presidente Dilma?
Ele entende que o PT deve ter um saldo de perda de prefeituras em todo o país com os desdobramentos da Operação Lava-Jato. Porém, esse não é o entendimento do presidente do PT local, Sidinei Cardoso. Ele rebate e diz que o PT debaterá os problemas da cidade:
- O debate que queremos propor é pela cidade. E mais: as investigações estão em todos os partidos.
Do lado do PSDB, que pode ter a candidatura do deputado Jorge Pozzobom, o fato de ele compor a bancada governista de José Ivo Sartori (PMDB), que conta com oposição ferrenha do funcionalismo público, não preocupa o tucano e presidente da sigla, Alexandre Lima.
- O PSDB é sinônimo de gestão, eficiência e ética. Nós teremos um nome e quem será é a menor preocupação - avalia Lima.
Outras candidaturas trabalham, silenciosamente, em busca de apoio e de mais filiados. O PDT, do vereador e pré-candidato Marcelo Bisogno, busca apoio dos governistas. O PSB do ex-petista Fabiano Pereira tem tido conversas com o PP de Farret e também com o PPL do também pré-candidato Werner Rempel. O PSol de Tiago Aires busca um caminho alternativo e de não alinhamento à política tradicional.
- A eleição, mesmo, será no segundo turno. Agora é a temporada de promessas e de conchavos: a especialidade da classe política - diz Kramer.