Para os "chefes" das polícias na região, delegado regional da Polícia Civil, Sandro Meinerz, e para o comandante regional da Brigada Militar, coronel Worney Mendonça, é unanimidade que as paralisações dos servidores estaduais, devido ao parcelamento dos salários, foi o principal fator para que alguns crimes aumentassem em Santa Maria.
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Os principais foram o roubo a estabelecimentos comerciais, como farmácias e lojas, que teve elevação de mais de 200% se comparado setembro do ano passado com o mesmo período deste ano, assim como os homicídios, que teve, em agosto deste ano, o seu recorde em um mês: nove.
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Agora, com a normalização dos serviços, já que os salários foram pagos integralmente e a promessa é que no final do mês não seja parcelado novamente, a expectativa é que os números da criminalidade reduzam. Para que isso ocorra, estratégias estão sendo traçadas, tanto para o policiamento ostensivo quanto para as investigações.
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- Tenho certeza que, como tinha menos policiamento preventivo e com a Polícia Civil paralisada por diversos dias, criou, para o criminoso, uma expectativa de que as chances de praticar um crime e se isentar de uma responsabilidade eram muito maiores. No caso dos homicídios, com uma ação mais planejada, havia mais chances de não ser pego pela Brigada Militar. E com a investigação prejudicada, agosto foi o mês adequado, o mais certo para esse tipo de crime - avalia o delegado Meinerz.
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- No raciocínio do criminoso, com certeza, passou que ele teria uma maior facilidade para cometer seus delitos. Mas, no caso da Brigada Militar, em dois dias em que tivemos dificuldade de sair para a rua, com os bloqueios na frente dos quartéis, os índices se mantiveram baixos. Passados esses dois dias é que começamos a ver um crescimento das ocorrências, isso com o policiamento já normalizado - reforça Worney.
Foco no combate a assaltos
Desde a madrugada de quarta-feira até a noite de quinta, foram pelo menos três tentativas de homicídio na cidade. Na quarta, dois jovens foram baleados. No início da manhã de quinta, uma mulher foi esfaqueada por outras quatro. Crimes como esses, que podem virar homicídios, também preocupam muito, mas são mais difíceis de serem prevenidos, conforme as autoridades. Esses casos não deixaram de receber a atenção da polícia, mas o foco de combate, agora, serão os roubos a estabelecimentos comerciais.
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Por conta disso, na tarde de quarta-feira, estiveram reunidos na delegacia regional todos os delegados de polícia da cidade. Na pauta, as estratégias para frear os assaltos a estabelecimentos.
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- O furto diminuiu, mas o roubo aumentou, e isso me preocupa muito. Foi o crime que mais incomodou nesse período em que estivemos paralisados. Temos 40 dias para mensurar o que é mais importante. Podem ter certeza que vamos diminuir os números dos roubos - ressalta Meinerz.
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Na Brigada Militar, com análises diárias mapeadas pelo Centro Regional de Ocorrências e Inteligência Policial (Croip), o planejamento é feito para que o policiamento ostensivo esteja em regiões mais propícias para esse tipo de crime, que preocupa pela violência.
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- O roubo a estabelecimento está no limiar de se tornar um latrocínio. O que mais tem chamado a atenção é a violência nessas ações, algo que não tinha até pouco tempo - reflete Worney.
"Roubos são os que mais afetam", diz especialista
Para o coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), Eduardo Pazinato, os roubos "são os crimes que mais afetam a sensação de segurança da população". E, na cidade, os dois principais tipos, a pedestre e a estabelecimentos comercias, aumentaram em relação ao mesmo período do ano passado.
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Para o especialista, o fato de os servidores da segurança pública terem paralisado as atividades por conta do parcelamento dos salários pode ter sido decisivo, apesar de os números, segundo ele, serem crescentes desde 2012.
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- Já havíamos notificado esse aumento de roubos e homicídios em Santa Maria. Esse processo de incremento dos roubos e homicídios vem sendo identificado desde meados de 2012. Acompanha a tendência geral de outros municípios médios e grandes do Estado e do próprio Rio Grande do Sul. Mas temos de considerar que o impacto do não pagamento do salário para os policiais impactou o policiamento da cidade. Logo, é provável que isso explique parte, senão a totalidade, do aumento - analisa Pazinato.
Prende e solta
Um fato lamentado pelo delegado regional, Sandro Meinerz, e pelo coronel Worney é o famoso "prende e solta", exemplificado, por ambos, com a soltura de um dos suspeitos de roubos a farmácias, preso em flagrante na segunda-feira, após tentar assaltar um estabelecimento, e solto no dia seguinte.
- O juiz optou por soltar um assaltante. Ele está nas ruas pronto para fazer outras ações, graças a essa infeliz decisão do Poder Judiciário - diz Meinerz.
- Precisamos da garantia de que esses autores permaneçam presos. Em muitos casos, a nossa legislação dá a garantia do delinquente estar na rua de novo - reforça Worney.
