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Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade na manhã desta sexta-feira, o presidente da Associação de Moradores da Vila Gaúcha, Darci dos Santos, disse que a revolta de quinta-feira foi turbinada por excessos policiais constantes na comunidade.
Segundo ele, a situação que culminou na morte de Ronaldo de Lima, 18 anos, atingido por um tiro disparado por um PM na quinta-feira, não seria exceção no Morro Santa Tereza. Também ao programa, o tenente-coronel da Brigada Militar Antônio Maciel Junior, comandante do 1º BPM, voltou a dizer que o policial teria agido em legítima defesa, mas que um inquérito já foi aberto para apurar as circunstâncias da abordagem policial.
- Todo dia de manhã, a polícia entra às 6h. Entram a mil com as caminhonetes para pegar os guris (do tráfico), mas não contam com as outras vidas. (...) Só que não pegam ninguém. Chutam, põe na parede, dão pontapé e vão embora - contou Santos.
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O líder comunitário relatou o que a perícia acabou concluindo: Ronaldo foi atingido pelas costas. Segundo Santos, seus familiares viram quando o policial deu voz de prisão, o jovem colocou as mãos para cima e em seguida fora baleado.
- Ele atirou no rapaz de dentro do carro. Quem tinha duas armas era o brigadiano, ele não tinha nada - afirmou.
A versão da BM é diferente. O tenente-coronel Antônio Maciel Junior disse que Ronaldo e outro rapaz, ambos supostamente armados, fugiram quando uma guarnição se aproximou e, após perseguição, houve confronto. O segundo homem teria escapado.
- Isso é o que eu tenho, mas o inquérito vai apurar - disse o comandante, explicando que a mesma investigação vai apurar se o PM agiu ou não em legítima defesa e se houve excesso na abordagem.
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Com relação a denúncia de repetidos abusos policiais na comunidade, Maciel disse que vai procurar os moradores e investigar se são verídicos.
- Temos consciência e certeza de que 99% da comunidade é trabalhadora, que levanta cedo, que utiliza os ônibus que foram incendiados. Mas o 1% é que está ali, comandando, que são os donos, os traficantes e que, infelizmente, são acobertados pelas pessoas que têm medo - complementou o tenente-coronel.
Maciel voltou a afirmar que a Brigada faz o seu papel, prende os traficantes e criminosos, mas que a Justiça solta e eles voltam cometer crimes.
Ouça a entrevista completa com Darci dos Santos:
Ouça a entrevista completa com o comandante Antônio Maciel Júnior:
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