Sobram selfies, expressões informais e tiradas de sarro no "Tá no Quadro", nova atração do programa de televisão Como Será?, apresentado pela jornalista Sandra Annenberg aos sábados, 7h. A linguagem coloquial é a aposta da Rede Globo - que gravou em Porto Alegre e Região Metropolitana nesta semana - para fazer a gurizada enxotar a preguiça, acordar cedo e ligar a televisão nas primeiras horas do fim de semana. Na tela? Iniciativas criativas em educação.
A parafernália da gravação de um programa de televisão deixou extasiados os estudantes das quatro escolas gaúchas visitadas pela equipe de produção do quadro.
- Eles estão se achando as novas estrelas da Globo. Só vejo sorrisos - conta a diretora da Escola Estadual Prof. Gentil Viegas Cardoso, de Alvorada, Alda Maria Silvano.
Estudantes gaúchos ganham R$ 30 mil no programa Caldeirão do Huck
Debaixo da ponte, um aluno nota 10 que sonha ser médico
Puxar para cima a autoestima desses jovens é um dos objetivos do programa, mas não só. A ideia fundamental é mapear, no Brasil, projetos pedagógicos atraentes para que os jovens não só permaneçam na escola, mas também gostem de frequentá-la. No Rio Grande do Sul, vai ser exibido o caso de uma história em quadrinhos que revolucionou o ensino de Física em uma escola indígena, o projeto que valoriza o hobby de cada aluno para diminuir a defasagem de idade em relação ao ano escolar, o grupo que restaura equipamentos a partir de lixo eletrônico e o aplicativo desenvolvido para que os estudantes, sempre conectados, não se percam em meio ao calendário de provas e eventos.
No "Tá no Quadro", quem distribui as pautas entre os repórteres é Beto Câmara, dono de uma produtora fictícia de televisão - é um personagem encarnado pelo ator Paulo Tiefenthaler, que ficou conhecido por apresentar o programa de culinária Larica Total, do Canal Brasil. Câmara interage com os repórteres a todo momento, em uma espécie de conferência online, outra atividade típica dos jovens.
- É uma linguagem bem mais documental do que de reportagem tradicional. O repórter filma o tempo inteiro com uma câmera de celular, enquanto a câmera profissional capta os bastidores. O formato se aproxima da linguagem adolescente, pois traz informação, mas não esquece o entretenimento - afirma Emília Silveira, diretora do quadro pela 70 Filmes Produções Artísticas, produtora contratada pela Globo para executar as gravações.
De acordo com o diretor do Como Será?, Maurício Yared, a concepção do programa foi, em si, um desafio criativo:
- O que as pessoas querem ver sábado de manhã? Como levar para o público um conteúdo relevante, mas de maneira, leve, bacana e moderna, que as pessoas consigam se divertir assistindo enquanto tomam o café da manhã ou se espreguiçam na cama? Queremos que os jovens e suas famílias, a partir do apresentado, cultivem planos e se inspirem em relação ao universo da escola.
Educação financeira: quando começar e quanto dar de mesada
Conheça duas gaúchas que, em realidades distintas, usam o estudo como bandeira pela igualdade de gênero
Se houve um roteiro preliminar de como as filmagens seriam conduzidas em cada escola, a graça foi alterá-lo à medida em que as surpresas se apresentavam. A produção não imaginava encontrar, por exemplo, uma figueira centenária no pátio da Escola Estadual Prof. Sarmento Leite, no bairro Cristo Redentor, na Capital. Nem estava previsto, mas a árvore acabou entrando para a lista de cenários. Foi ali que o aplicativo de gestão escolar foi apresentado às câmeras da Globo.
- A questão do celular é uma briga quase perdida. Então, já que os alunos não largam o celular, a gente deve se apropriar disso para atraí-los. Quando o programa for ao ar, penso que essa ideia vai tomar corpo - diz a coordenadora pedagógica da escola, Lourdes Maria Beheregaray.
Inspirar outras instituições de ensino também é a expectativa da diretora da Escola Estadual Indígena Karai Arandu, Olga de Moraes. Nessa escola de Viamão, professores têm procurado trabalhar com uma metodologia que preserve a identidade guarani, sem descuidar do conteúdo. As histórias em quadrinho que ensinam Física do ponto de vista ambiental foram o destaque do episódio.
- Foi um dia inteiro de muita alegria e motivação, em que mostramos de forma natural o dia a dia da nossa escola, que exige uma abordagem diferenciada. Torcemos para que outros povos indígenas consigam visualizar a nossa realidade e passem também a apostar na escolarização dos nossos jovens.
Na escola de Alvorada, a equipe registrou o depoimento do estudante Gabriel Pinheiro, 14 anos, que há três vinha repetindo o 6º ano. Ele foi selecionado para participar do projeto Trajetórias Criativas de iniciação científica, em que os próprios alunos escolhem um assunto de seu interesse para pesquisar a fundo. Gabriel escolheu o boxe, apresentou aos colegas e já colhe os frutos da melhoria do seu rendimento escolar.
- Eu já estava com pouca confiança em casa porque não queria saber de estudar. Agora é diferente. Minha mãe começou até a investir em material escolar para mim - diz o jovem, que logo vai ser realocado para o 1º ano do Ensino Médio, em consonância com sua idade.
Leia todas as notícias sobre educação
Como Será?
Rede Globo grava no RS quadro sobre iniciativas criativas em educação
"Tá no Quadro" é a nova atração do programa matutino de sábado, apresentado por Sandra Annenberg
GZH faz parte do The Trust Project