Uma professora de ciências foi agredida por uma aluna da escola em que trabalha, em Parobé, no Vale do Sinos. O caso aconteceu no último sábado, dia 16, durante uma festa que celebrava o Dia dos Pais e que arrecadava fundos para a instituição.
Luciana Fernandes, de 23 anos, participava da confraternização, que também contava com atividades de festa junina. Ela ficou responsável pela "cadeia", uma brincadeira que prende e solta pessoas mediante pagamento de uma "fiança", um valor simbólico.
Ao Extra, a professora da Escola Municipal Padre Afonso Kist contou que a confusão começou no momento em que a aluna foi "presa" na cadeia montada na festa.
- O valor da fiança era de 50 centavos, mas não era obrigatória. Era uma brincadeira mesmo, com o objetivo de arrecadar fundos para a escola. Em determinado momento, essa aluna foi presa com um colega, que pagou a fiança dos dois. Quando fui sair para pegar o troco do menino, ela tentou me agredir. Disse que ia me matar - relatou.
Foto: Arquivo Pessoal
O noivo de Luciana a defendeu e também foi agredido com tapas pela estudante. Antes de ir embora da escola, a educadora foi até a sala dos professores para contar o que aconteceu à coordenadora responsável do colégio. No meio da conversa, a sala foi invadida pela aluna e duas irmãs, maiores de idade.
- Só ouvi a estudante gritar: "É aquela ali!". Depois disso, as três começaram a me agredir brutalmente. Me deram socos, pontapés, puxaram meu cabelo. Do lado de fora, cerca de dez familiares da menina incitavam as agressões. A coordenadora tentou afastá-las, mas elas eram muito fortes. Não reagi em nenhum momento - contou.
A briga foi apartada novamente pelo noivo de Luciana, que conseguiu afastar as agressoras. A saída da professora só foi possível após a chegada da Brigada Militar. Todos os envolvidos na confusão foram levados para a Delegacia de Taquara, cidade vizinha. Ninguém foi preso.
Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com Luciana Fernandes, a aluna da escola tem histórico de comportamento agressivo. A professora está à base de calmantes e afastada das duas instituições que dá aula. Ela afirma que está com medo de represálias.
- Eu estou com medo. Não saio mais sozinha. Tive até que sair da minha casa, com medo de represálias. Não sei o que vai acontecer daqui para frente, mas, agora, não tenho condições de voltar a dar aulas. É uma coisa cultural o aluno desrespeitar o professor, as famílias precisam educar os filhos, e não defender atitudes como essa - desabafou ela ao Extra.
Foto: Arquivo Pessoal
Luciana afirma ainda que vai entrar na justiça contra a família da estudante. De acordo com a diretora da Escola Municipal Padre Afonso Kist, Maria Cleni Sarmento, a aluna será transferida para outra instituição. Ela destaca que é a primeira vez que uma briga desse tipo ocorre no local.
- Temos uma defasagem de professores aqui na cidade, e alguém que se dispõe a trabalhar ainda é agredido? Ficamos muito fragilizados com a situação, tanto professores quanto alunos. Muito desagradável.
As aulas no colégio foram suspensas nesta segunda-feira. Na quarta, uma reunião com os pais será realizada para abordar o tema. A secretária municipal de Educação de Parobé, Maristela Rossatto, afirma que o Conselho Tutelar está acompanhando o caso e que a estudante terá acompanhamento psicológico.
Foto: Arquivo Pessoal
O delegado Guatavo Bermudes informou que as mulheres envolvidas foram identificadas e que poderão ser indiciadas por lesão corporal.
* Diário Gaúcho