Com dificuldades de diálogo cada vez mais explícitas com o Congresso, o Planalto busca apoio da iniciativa privada para tentar conter a crise. Grandes empresários se tornariam mediadores entre os dois poderes para evitar um estrago ainda maior na economia.
A ideia é convidar executivos de mercado para um encontro no mesmo molde do que foi feito com governadores na semana passada e também realizar reuniões individuais no Palácio da Alvorada. Na lista, estariam nomes como Jorge Gerdau (Grupo Gerdau), Rubens Ometto (Cosan), Luiz Carlos Trabuco (Bradesco) e Abílio Diniz (Carrefour e BRF). A aproximação, segundo empresário com interlocução no governo, começou a ser desenhada pelo menos duas semanas atrás em reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A conclusão é de que uma ampliação do conflito entre Executivo e Legislativo pode levar à perda de grau de investimento e prejudicar ainda mais a economia.
- Alguns parlamentares têm transformado questões de Estado em questões pessoais e sendo extremamente irresponsáveis. Isso prejudica trabalhadores, que perdem seus empregos, e empreendedores, que precisam fechar o orçamento no final do mês. A retomada de diálogo é urgente - afirma.
"Voto é a fonte da minha legitimidade", diz Dilma
Há dois dias, entidades industriais de São Paulo e Rio de Janeiro emitiram nota "a favor da estabilidade institucional". Na declaração, é mencionado apenas o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que tem nitidamente mais prestígio na iniciativa privada do que a petista e começa a ser visto como alternativa conforme avançam as ameaças de impeachment. O peemedebista é visto como "sério", "conciliador", "simpático" e "perito em relações institucionais", resume um empresário da indústria.
Para o presidente de uma grande rede de varejo, Temer teria mais chance de efetuar a aproximação com o Congresso e goza de maior credibilidade do que Dilma no meio empresarial, mas só isso não é suficiente para a governabilidade:
- Como articulador do governo, ainda não conseguiu acalmar os ânimos. Não adianta o Executivo prometer ajustes se o Congresso não aprovar. Nas rodas de empresários, o diagnóstico já está saturado. Está na hora de agirmos para melhorar o ambiente da economia.