Após oanúncio do governo do Estado de garantir a antecipação da quitação dos vencimentos atrasados de julho, nesta terça-feira, as desconfianças dos servidores estaduais não foram desfeitas. Pelo contrário. Os sindicatos e as principais categorias do funcionalismo estadual de Santa Maria - a da segurança pública e a da educação - seguem temerárias quanto ao futuro. E afirmam que seguem mobilizadas e que não irão recuar em sua disposição de manter o enfrentamento com a gestão do governador José Ivo Sartori (PMDB).
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A parte prática da vida de quem precisa dos serviços essenciais segue em compasso de fracionamento - a exemplo da medida de Sartori que parcelou os salários em julho. Ou seja, as atividades funcionarão a conta-gotas (leia quadro).
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- Vamos retomar as atividades com cautela, de forma gradativa. Há indefinição logo ali na frente. Como ficará (o pagamento) em agosto? - diz Pablo de Souza Mesquita, coordenador regional do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Polícia Civil (Ugeirm).
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O cenário de incerteza leva os sindicatos a crer que o pior ainda não passou. Eles temem quanto à folha salarial do mês de agosto - já que o Piratini não garantiu o pagamento integral dos salários dos servidores neste mês.
Na área da educação, o Cpers/Sindicato afirma que a recomendação é que as escolas funcionem em expediente reduzido. Na Polícia Civil, as ocorrências voltam hoje a ser registradas na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA), no centro da cidade.
A área da saúde, que enfrenta problemas sérios de repasse de recursos, deve continuar com hospitais em funcionamento parcial. E, até mesmo, com serviços hospitalares suspensos em decorrência dos atrasos do Piratini.
O cobertor curto faz com que as prefeituras, quase sempre reféns de repasses do Estado e da União, tenham de rever prioridades e coloquem um ponto de interrogação junto às suas administrações municipais. Como é o caso de Santa Maria. Por aqui, o prefeito Cezar Schirmer (PMDB) estuda elaborar um plano de contenção de gastos. Schirmer, que é colega de partido de Sartori, diz que há, pelo menos, 18 meses atraso de repasses do Estado.
- A União e o Estado penalizam os municípios. É um problema histórico - afirma Schirmer, ao dizer que o município está cumprindo com os próprios compromissos.
Na noite de ontem, mais um agravante à crise do Estado: em consequência do não pagamento da dívida com a União, as contas do Estado foram bloqueadas. Ao todo, cerca de R$ 60 milhões, que seriam usados para pagamento de hospitais e prefeituras, foram sequestrados.