Aos 10 anos, quando ainda era uma criança vidrada em computador, Natã Barbosa já plantava os frutos que hoje, aos 23 anos, colhe na carreira de desenvolvedor de software e empreendedor. Foi em 2002, quando iniciou um curso na área de informática em Joinville, que o espírito de empreender surgiu pela primeira vez.
- Eu tive muita sorte das oportunidades terem surgido logo cedo. Gosto de inspirar as pessoas a saírem das suas zonas de conforto e fazerem o que elas acreditam, mas também ter a consciência que a gente precisa entender que as oportunidades só aparecem quando estamos conectados com os outros - afirma.
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Na época, ele não tinha computador e recorda de aproveitar as idas ao supermercado para mexer nas máquinas de "outro mundo". Ao perceber o interesse do filho, o pai o inscreveu em um curso de informática básica. Nesta época Natã ganhou o primeiro computador e em seguida fez mais dois cursos, um de manutenção de computadores e o outro de web design. Daí em diante o jovem não parou mais. No ano seguinte, ele já estava montando e desmontando computadores de amigos e parentes.
Com 15 anos, já tinha uma clientela fixa, consertava cerca de 20 computadores por semana. No ano seguinte, aprendeu a programar e trocou a manutenção pela programação de computadores. Foi por meio de um professor de informática que Natã ficou sabendo sobre as competições na área de educação da WorldSkills Competition.
- Treinava todos os dias por quase três anos. Participei da WorldSkills estadual, nacional, até chegar na internacional - comenta.
Aos 19 anos, Natã conquistou a medalha de ouro em web design no evento que ocorreu em Londres, em 2011. Desde então, a vida tem sido muito grata com Natã. Como prêmio, ele ganhou uma bolsa de graduação em Sistemas da Informação.
Em 2013, a convite da WorldSkills, ele foi morar em Singapura, na Ásia, para desenvolver um projeto de realidade em 3D de floricultura. No mesmo ano, fez intercâmbio para os Estados Unidos. Desde dezembro de 2014, quando retornou para Joinville, dedica-se a empreender projetos de tecnologia. Um aplicativo de sensor para auxiliar deficientes físicos a navegarem pela internet está sendo desenvolvido pelo jovem em parceria com uma universidade de Nova York.
Natã também participa do desenvolvimento da plataforma chamada "Elefante Letrado", uma biblioteca digital com livros e atividades interativas para crianças. Outro projeto é um aplicativo de estacionamento chamado "Park Amigo". O aplicativo é testado entre amigos em Nova York. Na faculdade, o projeto de conclusão de curso é um aplicativo para agendar horários em salões de beleza de São Paulo.
E o currículo do jovem não para por aí. Seu último empreendimento foi um hackathon (maratona de programação) na competição da Worldskills São Paulo 2015.
Hackathon em São Paulo
O objetivo do hackathon foi pensar em soluções tecnológicas para organizações não governamentais (ONGs). Ao todo, foram quatro dias de aprendizados. Um comitê composto por oito pessoas escolheram cinco instituições das 57 inscritas. Uma dessas cinco ONGs escolhidas foi a Associação Projeto Resgate de Joinville.
A solução para o Projeto Resgate foi a criação de um site para conectar os doadores com a Ong e assim o doador pode acompanhar como e quando a doação está sendo aplicada. A instituição fica com o modelo do projeto e é responsável em colocar em prática a solução criada no hackathon.
- Existem pessoas que precisam de oportunidades e existem pessoas com recursos e eles não se encontram naturalmente. A organização urbana está dividida entre ricos e pobres e isso tira das crianças a oportunidade de ver além do seu contexto social. Nossa instituição procura conectar as pessoas que querem ajudar com as crianças que precisam de apoio - comenta o presidente da associação Projeto Resgate, Mário Sant'Ana.
Próximos planos
No próximo ano, Natã está pensando em fazer um mestrado em Inteligência Artificial ou em Ciência da Computação nos Estados Unidos ou começar a trabalhar em alguma empresa de tecnologia no exterior.
Horas vagas
Nas horas vagas, Natã gosta de passar o tempo com a esposa e com amigos joinvilenses e também almoçar na casa da mãe. Para desestressar, costuma correr regularmente, ele diz que perdeu cerca de 25 quilos nos últimos quatro anos.
Dica para quem está começando na área de programação
- Os jovens têm que aproveitar as oportunidades, por mais que ganhe pouco no início o que conta é a experiência. Também não pode ter vergonha de mostrar o trabalho, se fazer notar é meio caminho andado para ganhar um voto de confiança e provar com profissionalismo que é capaz - orienta.
Inovação
Jovem empreendedor de Joinville se destaca no ramo de tecnologia
Com 23 anos, Natã Barbosa toca cinco projetos de software e organiza maratona hacker
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