Uma das principais e mais movimentadas avenidas de Porto Alegre é também uma das mais perigosas. Só no primeiro semestre deste ano, cinco pessoas perderam a vida na Avenida Assis Brasil, quatro por atropelamento e uma no choque entre um caminhão e uma motocicleta. No mesmo período do ano passado, foram quatro.
Estas mortes somam 8,3% do total de 60 vítimas fatais do trânsito da Capital no período. No ranking divulgado pela EPTC, a Assis Brasil é a campeã de acidentes com vítimas fatais de janeiro a julho, embora não seja a primeira no número de ocorrências totais (504), perdendo para a Ipiranga (583).
Basta meia hora observando trechos das imediações do Hospital Cristo Redentor, considerada a área mais vulnerável da via, para ver os riscos. Pedestre apressado ou que espera o sinal abrir em cima da faixa de segurança, veículos que aceleram no sinal amarelo, e pessoas correndo entre eles.
Rotina
Estas foram algumas das situações flagradas pelo Diário Gaúcho no local e que são rotina aos olhos do vendedor Guilherme Cardoso Lemes, 26 anos, que trabalha em frente ao cruzamento com a Rua Domingos Rubbo:
- São sete anos vendo muitos acidentes, principalmente, com idosos. É muita gente desatenta!
A falta de atenção aliada à pressa é uma combinação perigosa para todos, alerta o coordenador de Educação para Mobilidade da EPTC, Juranês Castro.
- Independentemente da forma de deslocamento, a pressa é inimiga da atenção. Quem está usando celular ou qualquer outro aparelho, até se dar conta da situação de risco e tomar uma atitude, vai levar mais tempo - comenta.
Violência
A atendente de restaurante Carolina Teixeira, 36 anos, que mora há pouco tempo nas proximidades do Cristo, está assustada com a violência do trânsito. Ela acha que deveria haver mais fiscais no local.
- Eu evito passar com elas (as cadelinhas Mel e Luna) aqui, por medo do que pode acontecer - diz.
Acostumado a andar de bicicleta pela região, o carpinteiro Edson Luis Martins Xavier, 47 anos, sempre depara com alguma imprudência:
- Isso assusta!
Aida precisa de mais tempo para atravessar - Foto: Ronaldo Bernardi
Se o fluxo intimida jovens e adultos, imagina para quem tem 80 anos e dificuldade de locomoção! A enfermeira aposentada Aida Munhoz anda com o auxílio de muletas. Ela precisa de mais tempo para atravessar do que o sinal aberto para os pedestres permite.
- Tanto me assusto que nem olho para o lado (ao atravessar). Eles (os motoristas) têm que me esperar - diz ela.
Conscientização é o principal
A EPTC não planeja mudanças no trânsito da região tão cedo. Conforme o presidente da empresa, Vanderlei Capelari, fiscais de trânsito trabalham no local orientando e conscientizando os pedestres sobre o perigo de atravessar fora da faixa de segurança.
- Uma equipe da EPTC está avaliando as travessias do Hospital Cristo Redentor, para fazer intervenção na engenharia a fim de melhorar a segurança do pedestre. Mas este trabalho ainda é muito inicial - diz.
Segundo Capelari, o trabalho mais importante é o da conscientização, de canalizar o pedestre para o local certo da travessia.