Os chanceleres do Mercosul estão reunidos nesta quinta-feira em Brasília, em uma reunião prévia à cúpula de amanhã, que deve marcar a entrada da Bolívia como sócio pleno do bloco.
Com a perspectiva de uma troca de ofertas com a União Europeia (UE) até o final do ano, o encontro foi precedido pelos pedidos, do Brasil e do Uruguai, de maior abertura da união aduaneira, que têm poucos acordos comerciais com o resto do mundo.
Pouco depois do primeiro encontro, pela manhã, o secretário de Relações Econômicas Internacionais da Argentina, Carlos Bianco, disse à imprensa que nada disso foi pedido formalmente.
"Na mesa de negociações, ninguém, em nenhum momento, pediu para se flexibilizar o Mercosul", afirmou o diplomata, que representa a Argentina diante da ausência do chanceler Héctor Timerman.
O ministro argentino das Relações Exteriores está em Buenos Aires, onde se recupera de uma cirurgia.
Durante a reunião, os delegados do Uruguai e do Paraguai reiteraram o pedido de eliminação de barreiras não tarifárias no bloco, já feito no mês passado, durante uma cúpula em Montevidéu.
De acordo com analistas, as divergências sobre o rumo político e a abertura comercial obedecem aos diferentes modelos econômicos aplicados pelos sócios.
A dinâmica comercial intrabloco tem caído por causa das medidas protecionistas de alguns de seus integrantes e também pela crise econômica vivida por Brasil, Argentina e Venezuela.
Pela manhã, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, recebeu seus pares do Paraguai, Eladio Loizaga; do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, e da Venezuela, Delcy Rodríguez, para iniciar o encontro do Conselho do Mercado Comum, que também se reunirá com representantes dos países associados ao bloco.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também participará da reunião do conselho.
Além da anfitriã, Dilma Rousseff, são esperados Cristina Kirchner, da Argentina, Horacio Cartes, do Paraguai, Tabaré Vázquez, do Uruguai, e Nicolás Maduro, da Venezuela, para a cúpula de sexta-feira.
Também está prevista a participação do presidente da Bolívia, Evo Morales, para selar formalmente a entrada de seu país como membro pleno do bloco, que representa mais de 70% da população e do PIB da região, segundo dados do Itamaraty.
"A principal conquista dessa presidência 'pro tempore' brasileira é a adesão definitiva como membro pleno da Bolívia, algo muito positivo, porque vai permitir aumentar a diversidade das opiniões e trazer um novo sócio que pode contribuir muito com sua experiência em matéria de crescimento e inclusão social", disse Bianco.
Os chanceleres também repassarão detalhes da oferta que serão apresentados à UE no último trimestre, passo demorado das negociações que tiveram um intervalo de seis anos até sua reativação em 2010.
A Venezuela não participa, já que que entrou no bloco em 2013.
A UE pediu uma nova reunião técnica para tratar de alguns aspectos pontuais, resumiu o diplomata argentino.