A expulsão do autoproclamado Estado Islâmico (EI) da cidade de Hasaka, no nordeste da Síria, é o mais importante revés sofrido pelo grupo islamista desde o fim da batalha de Kobani, em janeiro.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), o EI foi obrigado a retroceder aos arredores da cidade diante de uma ofensiva conjunta do exército regular sírio, leal ao ditador Bashar al-Assad, e das YPG (Milícias de Mobilização Popular, na sigla em curdo), forças armadas das regiões autônomas curdas no norte do país.
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Desde o ano passado, Hasaka estava dividida entre o EI, o exército sírio e as YPG. No final de junho, o grupo islamista atacou a área controlada pelas forças leais a Damasco, utilizando dezenas de carros-bomba e combatentes suicidas.
Em novembro do ano passado, entrevistei árabes sírios naturais de Hasaka que haviam se refugiado na Turquia. Alguns ainda tinham parentes idosos na cidade. Em sua maioria sunitas, opunham-se de maneira convicta ao regime de Al-Assad. Um deles, Abu Hamza, ex-capitão que desertara do exército sírio regular, chegou a unir-se ao EI durante oito meses com base no argumento pragmático de que "as pessoas preferem ficar do lado dos grupos mais fortes".
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Nas próximas semanas, a população das áreas antes dominadas pelo EI terá sorte se for poupada pelas forças do regime. A guerra civil síria tem batido sucessivos recordes de violência de todos os lados, especialmente contra civis. As forças armadas de Al-Assad têm tido um papel destacado nessa dinâmica. Não há por que acreditar que tudo será diferente em Hasaka.
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Luiz Antônio Araujo: vitorioso em Hasaka, exército sírio se voltará contra civis
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Luiz Antônio Araujo
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