Uma dívida de R$ 212 milhões, já com previsão de variação de juros e dólar, foi o que forçou a Guerra S.A. Implementos Rodoviários a solicitar recuperação judicial, já deferida pela 4ª Vara Cível de Caxias. Para dimensionar o valor: em 2014, a empresa faturou cerca de R$ 500 milhões.
Segundo Angelo Coelho, advogado responsável pela recuperação judicial da empresa, o passivo envolve especialmente financiamentos em bancos e, em escala menor, débitos com fornecedores.
A segunda maior fabricante de implementos rodoviários do Brasil, famosa pelo graneleiro, ainda não atrasou salários dos 1,3 mil trabalhadores. Mas colocará no estudo de recuperação a previsão de 3% de reclamatórias trabalhistas.
Agora, a Guerra terá 60 dias para apresentar seu plano de recuperação, detalhando como pretende pagar o passivo. Então, a Justiça avaliará se homologa as propostas, após terem sido submetidas aos credores.
Antes de tomar essa decisão, de pedir a recuperação judicial, a indústria buscou renegociar com bancos os créditos contraídos para investimento em parque fabril e produto, mas não teve êxito.
- A Guerra terá de se adaptar a uma nova realidade e não se sabe quando o mercado irá melhorar. É uma guerra que se inicia - resume o advogado, da banca Mazzardo e Coelho Advogados Associados, de Porto Alegre, admitindo que o plano de recuperação será esboçado com uma visão "conservadora" de mercado, redução de custos e adaptação da equipe, mas evitando demissão em massa.
O mercado retraído pela crise, com vendas fracas, prejudicou os planos da empresa e derrubou pela metade a receita. Em 2014, a média da Guerra era de um faturamento de R$ 37 milhões por mês, valor que caiu para R$ 17 milhões mensais em 2015.
A companhia tem duas plantas em Caxias e outras duas em Farroupilha. A recuperação judicial serve para evitar a falência de uma empresa com plano de pagamento de dívidas, que garanta fôlego para se manter atuando.
Após ser vendida em 2008, a Guerra está sob comando de um grupo internacional.
Recuperação judicial
Dívida da Guerra SA, de Caxias do Sul, é de R$ 212 milhões
Passivo envolve financiamentos em bancos e, em menor escala, débitos com fornecedores
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