O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, se colocou à disposição para responder a qualquer pergunta em almoço com líderes empresariais. Cunha demonstrou confiança e disse, sem citar a Lava-Jato, que não se intimidará por "acusações falsas".
- A história não reserva lugar aos covardes. Covardia não faz parte do meu vocabulário - disse.
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Fazendo uma análise aos empresários, Cunha recapitulou sua crise com o governo e disse que "sem hegemonia eleitoral não se consegue hegemonia política". Sobre o resultado das eleições de 2014, o peemedebista disse que o resultado apertado, que não garantiu a hegemonia ao governo, "foi uma vitória".
Cunha acusou ainda o governo de "estimular a criação de partidos artificiais para tumultuar", em referência ao apoio de setores do governo à recriação do PL com o auxílio do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD).
O presidente da Câmara dos Deputados retomou as críticas e chamou de "pífio" o ajuste fiscal promovido pelo governo neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Na avaliação de Cunha, as propostas impunham um sacrifício à sociedade, mas não mostravam a ela o cenário pós-ajuste.
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- Você tem que dizer à sociedade o que vem depois do sacrifício - afirmou.
Segundo cálculos do presidente da Câmara, as medidas enviadas ao Parlamento representavam um alívio de "só R$ 25 bilhões", enquanto a queda de arrecadação causada pela crise econômica chegou a R$ 100 bilhões.
Ao exemplificar as falhas nas medidas do ajuste, Cunha citou a mudança no seguro-desemprego. Ele disse ser favorável a mudanças que corrijam falhas, mas afirmou que a maior despesa para o seguro-desemprego vem do desemprego causado pela crise.
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Cunha disse à plateia formada por empresários que o projeto que instituía a reoneração da folha para alguns setores era "equivocado", mas que, se não houvesse apoio, ia se dizer que havia "sabotagem" ao ajuste. O projeto aprovado pela Câmara excluiu cinco setores (comunicação social, transportes, call center, itens da cesta básica e calçados) do aumento de alíquotas sobre a folha de pagamento. A proposta espera agora a apreciação do Senado.
Reforma tributária
O presidente da Câmara disse que há um desafio na concretização da reforma tributária no Brasil. Ao falar das dificuldades, Cunha fez um diagnóstico da situação tributária:
- Só há três formas de fazer reforma tributária; ou União paga a conta, ou São Paulo perde dinheiro ou o contribuinte paga caro - disse o peemedebista, que reafirmou que tenta encontrar uma solução para o problema.
Independência
Cunha fez questão de dizer aos empresários que seu rompimento pessoal com o governo não significa que ele usará a Casa para atuar contra o governo. O parlamentar reclamou do que chamou de "covardia" do governo contra ele nas acusações da Lava-Jato, mas disse que seu compromisso é conduzir a Câmara mantendo o equilíbrio e atuando institucionalmente e com independência.
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- Não está no nosso horizonte fazer com que nosso país incendeie. Nesses dias difíceis, pode faltar incendiário, o que não pode faltar é bombeiro - disse o presidente da Câmara, afirmando que sempre estará na posição de bombeiro.
Cunha recordou a votação expressiva que teve na eleição para a presidência da Câmara para dizer que não se sente no direito de usar o cargo para atuar contra o governo.
*Estadão Conteúdo