Com participação tímida nos portos e alijado nas ferrovias, o Rio Grande do Sul terá menos de 3% dos R$ 198,4 bilhões da nova etapa do plano de concessões federais. Principais projetos do Estado, os leilões do aeroporto Salgado Filho e de quatro trechos de rodovias somam R$ 5,7 bilhões em investimentos, conforme antecipou Zero Hora.
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Anunciada ontem pela presidente Dilma Rousseff, a segunda fase do Programa de Investimento em Logística (PIL) é a aposta do governo para reaquecer a economia. Ministros, parlamentares e o governador José Ivo Sartori (PMDB) admitiram que gostariam de ver outras concessões no Estado, mas ficaram satisfeitos com as escolhas do Planalto. Aparecem no pacote mais R$ 200 milhões para uma faixa adicional na freeway e oito terminais portuários de uso privado.
- Gostaríamos que fosse mais, mas, dentro do que tínhamos encaminhado, foi além do que esperávamos - disse Sartori, que esteve no lançamento em Brasília.
Fatores políticos e regionais impediram uma participação gaúcha mais robusta. O vizinho Santa Catarina levou mais de R$ 7,8 bilhões em aeroportos, estradas e portos. No Ministério do Planejamento é elogiada a articulação do governador Raimundo Colombo (PSD), que iniciou cedo as tratativas em Brasília. No Piratini, as conversas congelaram na gestão de Tarso Genro (PT), refratário às privatizações, e tiveram ritmo lento nos primeiros meses de Sartori.
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- O Estado poderia receber maiores investimentos. Por óbvio, teríamos de ter mais projetos em andamento que fossem capitaneados pela sociedade e autoridades gaúchas - diagnosticou o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha.
Porto Alegre está entre os quatro terminais a serem leiloados - a construção de outro aeroporto na Região Metropolitana foi engavetada.
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Nas rodovias, a fatia do Estado agradou, em especial pelas duplicações das BRs 116 (entre Porto Alegre e Camaquã) e 386 (até Carazinho), considerada pelo líder da bancada gaúcha, Giovani Cherini (PDT), uma "surpresa positiva". A freeway (BR-290) também consta no bloco de quatro estradas, porém o atual contrato de concessão só expira em julho de 2017. Assim, é possível que o novo administrador assuma toda a malha daqui a dois anos. Até lá, o governo Sartori manterá as negociações com o Planalto para incluir novas rodovias no pacote.
Diretor-executivo da Agenda 2020, Ronald Krummenauer avalia que os R$ 5,7 bilhões ficaram abaixo da relevância do Rio Grande do Sul na economia nacional, porém elogia a iniciativa:
- Se os projetos se concretizarem, serão um avanço. Seguem na direção de reduzir o custo logístico do Estado, mas ainda ficam aquém do déficit que temos.
Nos portos, dos R$ 37,4 bilhões previstos no país, o Estado pode levar R$ 123,43 milhões em oito terminais de uso privado que ainda estão em análise. Já a grande frustração ficou nas ferrovias, responsáveis por 43,5% dos valores do pacote nacional (R$ 86,4 bilhões). O Estado terá apenas melhorias na malha administrada pela ALL. O Planalto priorizou novos trilhos entre Centro-Oeste e Norte, além da ligação com o Peru. O trecho da Norte-Sul entre Panorama (SP) e Rio Grande não entrou no plano.