O assassinato de Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu, em plena luz do dia e sob custódia do Estado, expõe mais uma vez as chagas da prisão que deveria ser modelo de segurança no Estado - a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Por conta de precariedades físicas e de gestão, desde janeiro, a Pasc já vinha sendo considerada pela Justiça como de "média" segurança.
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A decisão teve por base 18 irregularidades detectadas na prisão, que deveria ser modelo de controle. O juiz Sidinei Brzuska emitiu despacho determinando que, em ofícios internos da Vara de Execuções Criminais (VEC), a Pasc passasse a ser definida como de média segurança. Conforme a Justiça, a prisão tem falhas iguais às de cadeias comuns, assim como as mesmas facilidades para presos consumirem drogas, usarem telefones, exporem fotos na internet e, principalmente, ordenarem crimes nas ruas.
Hoje, uma guerra que tem sido travada por traficantes nas ruas de Porto Alegre teve desfecho em um dos refeitórios da Pasc, com a morte de Teréu por asfixia. O crime ocorreu diante de câmeras de segurança.
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A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) ainda não soube informar se Teréu era mantido isolado na prisão. Normalmente, detentos com muita visibilidade ou que estejam sob risco de vida ficam isolados, desde que peçam.
A Susepe também não tem dados ainda sobre outros homicídios ocorridos na Pasc. Um dos casos mais notórios foi o assassinato de Francisco dos Reis Cavalheiro, o Chico Cavalheiro, em 2006. Ele recebeu mais de 12 estocadas no peito ao retornar do banho de sol, em um suposto desentendimento com um detento que, até então, era seu amigo. Cavalheiro foi um dos personagens do maior motim do sistema prisional gaúcho, o do Hospital Penitenciário, em 1994.