A relação de Luiz Henrique da Silveira, de 75 anos, com a cultura ia além da admiração e conhecimento. Mais do que estar na plateia, apreciar a arte, para ele, era deixar de ser espectador para tornar-se protagonista de capítulos importantes da cultura não só em Santa Catarina, mas no Brasil.
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- Somos amigos há cerca de 20 anos, independentemente da carreira política. Eu o admirava pela cultura, pelo empreendedorismo, pela visão que tinha. Tínhamos em comum o amor pela dança e pelas artes - conta o médico ortopedista Valdir Steglich.
Presidente da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, Steglich recorda a luta de Luiz Henrique quando, ainda prefeito de Joinville, foi um dos responsáveis pela conquista da filial da escola russa na cidade.
- O Bolshoi é um dos grandes legados que ele deixou. É uma perda ainda imensurável, só o tempo vai mostrar sua importância para Joinville, para Santa Catarina e para o Brasil. Nos mais diversos momentos, ele sempre esteve muito ativo - avalia.
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Além de amigo, Steglich foi o médico ortopedista que atendeu Luiz Henrique após a fratura do tornozelo, há cerca de três semanas. E precisou controlar o amigo, que não queria deixar suas atividades como político para curar-se da fratura: foi por recomendação de Steglich que o senador foi passar uma semana em Itapema, já que, em Joinville, ele não conseguia deixar de atender a agenda e ficar com a perna imobilizada.
- Apesar de tudo, ele escutava a gente, queria fazer tudo certo e obedecia seus médicos - afirma.
Incentivador do Festival de Dança
Foi também na gestão de LHS na Prefeitura de Joinville, em 1998 que foi inaugurado o Centreventos Cau Hansen, primeiro empreendimento da América Latina a seguir o conceito de arena multiuso. Criado para ser um complexo para eventos culturais, comerciais e esportivos, foi construído, especialmente, para ser o palco do Festival de Dança de Joinville, um evento que cresceu nos últimos anos acompanhado de perto pelo político e hoje já está na sua 33ª edição.
- O Instituto Internacional Juarez Machado foi o último gesto do estímulo para o crescimento da cultura em Joinville e SC - afirma Edson Machado, irmão do artista Juarez Machado e que trabalhou com LHS nas gestões de prefeito e governador.
Uma das lembranças mais vivas de Edson é do Luiz Henrique, ainda prefeito, no canteiro de obras na construção do Centreventos.
- Foi esse mesmo entusiasmo que ele nos passou para a criação do Instituto. Ele foi o maior incentivador para o crescimento da cultura em Joinville e tinha uma visão internacional.
Para o presidente do Instituto Festival de Dança, LHS foi um dos raros políticos brasileiros que via a cultura como alavanca de desenvolvimento de uma cidade e teve a ousadia de construir uma mega arena em menos de nove meses.
- Essa visão de que o turismo, a cultura e o lazer serão as molas propulsoras de uma economia desenvolvida foi um dos diferenciais de sua longa, correta, profícua, corajosa carreira política. Proporcionou a Joinville, que tanto amava, o título de Cidade da Dança, uma cidade ícone da arte e da cultura brasileiras. Os prédios e as pontes podem ser demolidos e esquecidos, mas o legado da cultura é eterno.
O entusiasta da cultura também conquistava a admiração de artistas. Em sua última passagem por Joinville, durante a 12ª Feira do Livro, Ziraldo falou sobre a antiga amizade mantida, mesmo que de longe, com LHS, considerado por ele "o político mais inteligente do Brasil". Sem poupar elogios, o escritor e cartunista mineiro ainda classificou o conhecimento artístico e cultural do senador como admirável.
- Ele sabia exprimir uma opinião sobre qualquer obra de arte.
Vejo o momento em que morte de LHS é confirmada por assessor