Investigado na Operação Lava-Jato, o deputado federal José Otávio Germano (PP-RS) prestou depoimento na sede da Procuradoria-Geral da República (PGR) na manhã desta quinta-feira. No depoimento, que foi gravado e durou cerca de uma hora, o parlamentar gaúcho negou a participação no esquema de corrupção na Petrobras.
- Não conheço o doleiro (Alberto Youssef) e nunca estive com Paulo Roberto Costa (ex-diretor da Petrobras) em hotel. Penso que foi tudo esclarecido - afirmou Germano para Zero Hora após o depoimento.
O deputado é alvo de dois inquéritos decorrentes da Lava-Jato que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). Em um deles, é investigado ao lado de outros cinco colegas do PP-RS pela suspeita de receber uma mesada alimentada com recursos desviados de obras da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, que era ocupada por Paulo Roberto Costa.
Em outro inquérito, o parlamentar gaúcho aparece ao lado do deputado mineiro Luiz Fernando Faria (PP). Os dois são suspeitos de terem intermediado um repasse de R$ 200 mil a Costa, dinheiro que teria sido entregue em um hotel de luxo no Rio de Janeiro como um "agrado" da empreiteira Fidens por ter vencido licitações na Petrobras.
Segundo o advogado de Germano, Marcelo Bessa, o parlamentar assegurou no depoimento que não recebeu e que nunca viu colegas receberem a suposta mesada. O deputado negou ter falado com Youssef e afirmou que participou de poucas reuniões no apartamento do ex-líder do PP na Câmara, João Pizzolatti (SC). Conforme o doleiro, Pizzolatti seria um dos responsáveis por distribuir o dinheiro desviado da Petrobras entre a bancada do partido.
- O deputado nunca foi da cúpula do PP, ele sempre manteve seu trabalho na Comissão de Minas e Energia da Câmara - complementa o advogado.
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Sobre a suspeita do repasse de R$ 200 mil a Costa, Germano negou ter realizado qualquer pagamento em um hotel. Ele explicou que foi à Petrobras com Luiz Fernando Faria, sendo que ambos eram membros da Comissão de Minas e Energia da Câmara. Na versão do gaúcho, ele apenas acompanhou Faria na reunião com o ex-diretor da estatal. O deputado mineiro teria recebido a reclamação da empreiteira Fidens, que teria vencido licitações na Petrobras, porém não estaria sendo chamada para assinar os contratos.
- Ninguém pediu favor para ninguém, foi feito apenas um questionamento sobre uma eventual perseguição à empresa - afirma Bessa.
Germano foi o quarto dos seis gaúchos a depor. Antes dele, prestaram esclarecimentos os deputados federais Jeronimo Goergen, Renato Molling e Luis Carlos Heinze. O deputado Afonso Hamm e o ex-deputado Vilson Covatti ainda não tiveram os depoimentos marcados.
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