O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse na manhã desta quarta-feira, 20, em entrevista à Rádio Estadão, que diante da crise com a questão da imigração haitiana vai procurar nos próximos dias Peru e Equador para barrar a ação de "coiotes" na fronteira do Brasil. A rede de coiotes engana os imigrantes afirmando que a maneira mais eficaz de entrar no país é por meio deles e não de forma legal, por visto.
- Cabem ao governo federal ações para evitar que essa imigração seja feita através de coiotes. O que os coiotes fazem é um crime inaceitável e, para isso, os contatos com os governos do Peru e do Equador se colocam de grande necessidade - disse.
Governo do Acre deve enviar oito ônibus com refugiados haitianos e senegaleses para Porto Alegre
Segundo Cardozo, o governo federal tem medidas para desestimular a entrada dos haitianos por meio dos coiotes, como os vistos regulares. No caso de imigrantes que entram com pedido de refúgio, o ministro defendeu que a instalação no País deve ser feita "perfeitamente regulada com acolhimento municipal".
Um acordo entre o Ministério da Justiça, a Prefeitura de São Paulo e o governo do Acre suspendeu na terça-feira o envio de haitianos a São Paulo. A decisão foi tomada após o prefeito Fernando Haddad (PT) acusar o governo federal e a administração petista daquele Estado de desrespeitar as regras acertadas em 2014 para o transporte e acolhimento de haitianos na cidade. A crítica de Haddad foi uma reação ao envio de uma só vez de 500 imigrantes de Rio Branco à capital paulista.
Ministério da Justiça suspende transporte de haitianos para São Paulo
Cardozo afirmou que o transporte dos haitianos a partir do Acre, sem avisar o governo federal e os municípios de destino, não deve se repetir. Segundo o ministro, faltou diálogo entre os entes, um "descompasso que não se justifica".
A nova crise entre as administrações petistas acontece após a paralisação, por dois meses, do envio de haitianos em ônibus fretados pelo governo do Acre para a capital. Sem aviso prévio, oito ônibus já foram enviados com 360 haitianos e outros três estão por vir, com mais 135.
Novos imigrantes mudam o cenário do Rio Grande do Sul
A interrupção das viagens, em março, havia acontecido em razão de uma dívida de R$ 3 milhões do governo acreano com empresas de transporte - ainda não quitada.
- Tínhamos uma situação absolutamente normalizada. Desta vez, houve um acúmulo (de haitianos) no Acre. O governo nos informou que estava numa situação bastante difícil e isso (o transporte sem aviso) acabou acontecendo. Nós temos que evitar que essas situações se repitam. Nessa hora, não tem muito sentido dizer 'a culpa é do governo federal, estadual ou municipal'. Temos que resolver o problema - disse o ministro.