A mais recente edição do relatório anual publicado pela organização Freedom House desde 1980 constatou que a liberdade de imprensa diminuiu em 2014, no mundo inteiro, para seu ponto mais baixo em mais de 10 anos.
A parcela da população mundial que goza de uma imprensa livre está, de acordo com esse estudo, em apenas 14%. Um índice de 42% da população mundial está em regiões onde a imprensa é parcialmente livre - o Brasil é um dos países incluídos nessa lista. É de 44% o índice dos que vivem em países nos quais não há liberdade de imprensa. Uma entre sete pessoas vive em países onde a cobertura de notícias políticas é robusta, a segurança dos jornalistas é garantida, a intromissão do Estado nos assuntos de mídia é mínima e a imprensa não está sujeita a pressões.
Extremismo é desafio ao jornalismo livre
Um foco de resistência se destaca na Venezuela
Os problemas mais gritantes dizem respeito especialmente a dois fatores: a aprovação e o uso de leis restritivas contra a imprensa, muitas vezes sob a alegação de que há motivos de segurança nacional para tais medidas, e a capacidade de jornalistas locais e estrangeiros para terem acesso a lugares de confrontos e protestos.
A situação da imprensa é vista como paradoxal: em uma época de acesso aparentemente ilimitado à informação e mediante novos e ágeis métodos de veiculação, mais áreas do mundo estão se tornando praticamente inacessíveis aos jornalistas.
O número de países com melhoras significativas (oito) foi o mais baixo desde 2009, enquanto o número com declínios significativos (18) foi o mais alto nesse período. Os 18 países e territórios onde a situação mais se deteriorou incluem Grécia, Hong Kong, Islândia, Sérvia e África do Sul. Isso indica que a deterioração global em liberdade de imprensa não se limita a autocracias ou a zonas de guerra. Também se destacam negativamente Argélia, Azerbaijão, Egito, Líbia, Sudão do Sul e Tailândia.
Na América Latina, conforme a Freedom House, a situação em Honduras, Peru e Venezuela piorou nos últimos 12 meses - nos dois primeiros porque jornalistas sofrem ameaças. Na Venezuela, em razão do tratamento dado pelo governo, de restrições variadas. Falta liberdade de imprensa também no Equador, no México e em Cuba. O Brasil, "parcialmente livre", é criticado em especial devido à repressão policial durante os protestos na Copa do Mundo.
Outro dado aterrador, segundo os analistas, é a quantidade de jornalistas mortos e presos nos primeiros quatro meses de 2015, conforme relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras. Foram 24 mortos e 158 presos até abril. Na França, as oito vítimas são da revista satírica Charlie Hebdo, em 7 de janeiro. No Sudão do Sul, outros cinco, também em razão do extremismo. Os números ficam levemente acima da média mensal de 2014, quando a mesma organização relatou um total de 69 mortos.